O Universo como nunca visto: as "valiosas" imagens captadas pelo telescópio Euclid
As cinco imagens divulgadas pela ESA revelam "detalhes" e "características inéditas" de várias áreas do Universo próximo.
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A Agência Espacial Europeia (ESA) revelou, na terça-feira, as primeiras cinco imagens a cores captadas pelo telescópio espacial Euclid, que vai explorar o "lado desconhecido" do Universo.
Nestas fotografias "inspiradoras" observa-se o aglomerado de galáxias de Perseus, a galáxia espiral IC 342, a galáxia anã irregular NGC 6822, o enxame globular NGC 6397 e a Nebulosa Cabeça de Cavalo.
"Nunca vimos imagens astronómicas como estas, com tantos detalhes. São ainda mais bonitas e nítidas do que esperávamos, e mostram muitas características inéditas de áreas bem conhecidas do Universo próximo. Agora estamos prontos para observar milhares de milhões de galáxias e estudar a sua evolução ao longo do tempo cósmico," afirma René Laureijs, cientista do projeto Euclid da ESA.
"A primeira observação do cosmos feita pelo Euclid não é apenas bela, mas também imensamente valiosa para a comunidade científica", assinala a ESA.
Estas cinco imagens contêm, individualmente, "uma riqueza de novas informações sobre o Universo próximo" e, nos próximos meses, serão analisadas pelos cientistas da missão.
A ESA garante que o telescópio "está pronto" para criar um mapa 3D do Universo e descobrir alguns dos seus segredos.
Nebulosa Cabeça de Cavalo
O Euclid conseguiu mostrar uma "vista espetacularmente panorâmica e detalhada da Nebulosa Cabeça de Cavalo, também conhecida como Barnard 33 e parte da constelação de Órion".
Com esta observação, os cientistas esperam encontrar "muitos planetas com a massa de Júpiter, nunca antes vistos, na sua infância celestial", refere a ESA.
Galáxia espiral IC 342, uma "galáxia oculta"
A "galáxia oculta" foi uma das primeiras galáxias que o telescópio Euclid observou. Durante a missão, o telescópio vai recolher imagens de milhares de milhões de galáxias com o objetivo de revelar "a influência invisível que a matéria escura e a energia escura têm sobre elas".
"Graças à sua visão infravermelha, o Euclid descobriu informações cruciais sobre as estrelas desta galáxia, que é semelhante à nossa Via Láctea", explica a ESA.
Aglomerado de galáxias de Perseus
O telescópio Euclid conseguiu registar mil galáxias que pertencem ao aglomerado de Perseus e, no fundo da fotografia, é possível ver mais cem mil galáxias.
"Muitas dessas galáxias ténues não eram vistas anteriormente. Algumas delas estão tão distantes que a sua luz levou 10 mil milhões de anos a chegar até nós", escreve a agência em comunicado.
Esta é a primeira vez que, numa só imagem, são captadas tantas galáxias de Perseus com um detalhe "tão elevado".
Perseus é uma das maiores estruturas conhecidas no Universo, localizada a 240 milhões de anos-luz de distância da Terra.
Segundo os cientistas da ESA, "enxames de galáxias como Perseus só podem ter sido formadas se a matéria escura [que não emite nem absorve luz] estiver presente no Universo".
Ao longo da sua missão, o Euclid vai observar numerosos aglomerados de galáxias como Perseus.
Galáxia anã irregular NGC 6822
Para criar um mapa 3D do Universo, o Euclid vai observar a luz de galáxias até 10 mil milhões de anos-luz. Esta galáxia anã irregular está localizada a 1,6 mil milhões de anos-luz da Terra.
"A maioria das galáxias no Universo primordial não é uma perfeita espiral, mas sim irregular e pequena. São os blocos de construção de galáxias maiores como a nossa, e ainda podemos encontrar algumas dessas galáxias relativamente próximas de nós", diz a agência europeia.
Enxame globular NGC 6397
Segundo os especialistas, este é o segundo enxame globular mais próximo da Terra, localizado a cerca de 7800 anos-luz de distância.
"Os aglomerados globulares são coleções de centenas de milhares de estrelas que se mantêm próximas umas das outras devido à gravidade. Atualmente, nenhum outro telescópio além do Euclid consegue registar um enxame globular inteiro numa única observação e, ao mesmo tempo, distinguir tantas estrelas. Estas estrelas desvanecidas contam-nos sobre a história da Via Láctea e onde se encontra matéria escura", esclarece a ESA.
"Euclid dará um salto na nossa compreensão do cosmos como um todo e estas imagens requintadas de Euclides mostram que a missão está pronta para ajudar a responder a um dos maiores mistérios da física moderna", remata a diretora de ciência da ESA, Carole Mundell.
Durante os próximos seis anos, o telescópio espacial vai explorar a composição e evolução do "lado desconhecido" do Universo, nomeadamente a matéria e a energia escuras, ambas consideradas componentes-chave do cosmos. O telescópio espacial vai criar o maior e mais preciso mapa 3D do Universo, observando milhares de milhões de galáxias, algumas formadas há 10 mil milhões de anos, quando o Universo dava "os primeiros passos" (o Universo terá 13,8 mil milhões de anos).
A missão Euclid foi construída e operada pela ESA, com contribuições da NASA e participação do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço. Pela primeira vez, Portugal ocupa um lugar de destaque numa missão espacial da ESA, agência da qual é Estado-membro desde 2000.
