"Ativar a condução autónoma ou bloquear o carro e não deixar que o condutor tenha acesso", são exemplos de ataques já registados nos Estados Unidos. Em Portugal, não há registo de ciberataques nas redes de carregamento elétrico, mas Rui Duro, responsável em Portugal por uma multinacional especializada em segurança informática, avisa, na TSF, que é preciso prevenir porque a porta está aberta.
Corpo do artigo
Os postos de carregamento de carros elétricos estão vulneráveis a ciberataques. O alerta é feito por peritos em cibersegurança. Rui Duro, responsável pela Check Point Software em Portugal, explica que estes postos de carregamento são equivalentes às redes de infraestruturas críticas e a falta de proteção faz com que estejam expostos ao risco.
TSF\audio\2022\10\noticias\20\rui_duro_1
"Estas redes abrem a quem faz os ataques um conjunto de oportunidades como sequestrar a própria rede ou chegar mesmo ao próprio automóvel", assegura.
Por isso, Rui Duro sublinha a necessidade de proteger fortemente todas as redes e defende que não basta aos governos incentivarem a criação de postos de carregamento elétrico, é preciso acautelar o problema. "A forma como (estas redes) continuam a não ter por base a preocupação com a cibersegurança, privilegia-se a operacionalidade, a simplicidade dessa operacionalidade e não propriamente a rede de segurança", assegura.
TSF\audio\2022\10\noticias\20\rui_duro2
Nos postos de carregamento, "nós não temos a capacidade só de carregar o carro, temos uma fase de identificação do utilizador do carro e há dados do utilizador a serem transferidos de um lado para outro, temos uma fase de pagamento e de autorizações que não são da própria rede, mas de terceiros e toda esta complexidade favorece quem quiser tirar partido e atacar", alerta ainda Rui Duro.
Questionado pela TSF sobre se ao fazer estes alertas não teme estar a contribuir para atrasar a transição energética, já que esta será mais uma preocupação para quem está a pensar comprar um carro elétrico, o especialista admite que é "uma faca de dois gumes".
TSF\audio\2022\10\noticias\20\rui_duro_3
"É uma pressão necessária para que [a transição energética] se faça de uma forma segura, porque se se der no oposto e tivermos um ataque à rede num fim de semana, por exemplo, então aí o efeito vai ser muito pior" e o mesmo é dizer que mais vale prevenir do que remediar.
Então, qual será a melhor forma de os proprietários de veículos elétricos em Portugal se protegerem? Aqui Rui Duro desdramatiza: "Trabalho nesta área há muitos anos, vivo com o cibercrime e os ciberataques há muitos anos e não me contenho a fazer a minha vida normalmente, mas tenho o máximo de cuidado possível."
TSF\audio\2022\10\noticias\20\rui_duro_4
O responsável da Check Point Software acredita que, nesta altura, não há razão para alarme, mas reconhece que carregar o carro em casa é sempre mais seguro: "A rede é mais controlada, não está tão exposta e não estou eu, nem os meus dados pessoais, nem os meus dados bancários."
A TSF já contactou a Mobi.e, a Entidade Gestora da Rede de Mobilidade Elétrica que está a reunir informações para responder às preocupações dos peritos em cibersegurança.