Prémio Nobel da Química: uma investigação que pode servir para encontrar água no deserto
Após a atribuição do prémio, o professor universitário Moisés Pinto, explica à TSF, o que são as estruturas metal-orgânicas que podem descobrir “água a partir do ar” e ajudar regiões onde “não existe água potável ou é difícil obter este recurso”
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Moisés Pinto, professor do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, esclarece o que são ao certo as estruturas metal-orgânicas, que, este ano, valeram o Prémio Nobel da Química a três investigadores esta terça-feira: o japonês Susumu Kitagawa, o britânico Richard Robson e o jordano-americano Omar M. Yagi.
“São estruturas constituídas por nódulos de natureza inorgânica com metais, normalmente de transição, mas, também podem ser de outro tipo. Estes nódulos estão interligados por moléculas orgânicas e isso explica o nome destas estruturas. As moléculas permitem criar e desenhar arquiteturas”, explica à TSF, acrescentando que têm sido criadas diversas estruturas e estratégias “para desenvolver estes sistemas que, podem ser porosos com cavidades no seu interior que possibilitam armazenar outras moléculas”.
Estas estruturas feitas de moléculas podem servir para armazenar gás a alta pressão, ajudar a medicina biomédica e terapêutica e até mesmo encontrar água no deserto: "Umas das aplicações que assumiu mais mediatismo foi a possibilidade de que, com materiais desenhados para isso, fosse possível conseguir capturar moléculas de água. Através de ciclos de absorção e libertação de moléculas pode obter-se água a partir do ar e isso é particularmente importante em regiões onde não existe água potável ou onde é difícil obter este recurso".
O doutorado em química destaca ainda a importância de um prémio a um trabalho como este e a possibilidade que isso pode trazer “em questões do mundo real". "A atribuição de um prémio Nobel é o reconhecimento de todo o caminho aberto por esta descoberta há uns anos, mas também pode permitir a atenção de empresas e instituições interessadas em explorar as inúmeras aplicações que podem ser obtidas a partir destes materiais”, sublinha.
O japonês Susumu Kitagawa desenvolveu o seu trabalho na Universidade de Kyoto (Japão), o australiano Richard Robson na Universidade de Melbourne (Austrália) e o jordano-americano Omar M. Yagi na Universidade da Califórnia, em Berkeley (Estados Unidos da América).
Quinta-feira é o dia do novo Prémio Nobel da Literatura.