Vem aí um fenómeno raro: uma superlua azul vai iluminar os céus de todo o mundo

Quando anoitecer esta segunda-feira, olhe para cima: a primeira superlua azul do ano vai iluminar os céus de todo o mundo. Este é um fenómeno raro: além de se tratar de uma superlua, que acontece quando a lua cheia está mais próxima da Terra (e, por isso, parece maior e mais brilhante), a distinção "azul" é dada à segunda lua cheia num mês ou à terceira de quatro luas cheias numa estação. E é precisamente isso que ocorre nesta altura: a Lua desta segunda-feira é a terceira de quatro luas cheias deste verão e, por isso, é considerada "azul".

A Lua não será exatamente da cor azul. Na verdade, de acordo com o The Guardian, vai parecer mais avermelhada ou amarelada, graças à luz refratada ao redor da atmosfera no horizonte.

"Lua azul é o termo que usamos quando vemos a lua cheia duas vezes num único mês. O ciclo da Lua é de 29,5 dias, um pouco mais curto do que a duração média de um mês do calendário. Eventualmente, esse intervalo resulta numa lua cheia, que acontece no início de um mês com dias suficientes ainda para outro ciclo completo, ou seja, uma segunda lua cheia no mesmo mês. Por outras palavras, uma lua cheia que acontece no 1.º ou 2.º dia de um mês, provavelmente, será seguida por uma segunda lua cheia no 30.º ou 31.º dia. Isso acontece a cada dois ou três anos", explica a agência espacial norte-americana NASA.

As luas azuis podem ser também sazonais, quando uma estação do calendário contém quatro luas cheias em vez das habituais três, sendo a lua azul a terceira das quatro luas cheias, algo que acontece este mês.

A Lua vai parecer cheia até quarta-feira. Esta é a primeira de quatro superluas que estão previstas até ao final do ano: as próximas acontecem em setembro, outubro e novembro.

Segundo a NASA, a combinação da superlua e da lua azul é rara e o tempo entre as ocorrências é bastante “irregular”, podendo chegar a 20 anos, com 10 anos de intervalo, em média. Embora tenha existido uma superlua azul em agosto de 2023, a agência espacial norte-americana prevê que as próximas superluas azuis vão ocorrer apenas em janeiro e março de 2037. 

O que é uma superlua?

O fenómeno superlua não é invulgar, acontece quando a Lua está mais próxima da Terra e, por isso, está mais brilhante e maior do que o habitual. Ouvido pela TSF, o astrónomo Miguel Gonçalves fala num evento pouco excêntrico e de pouco interesse do ponto de vista científico, mas que tem sido muito fomentado, sobretudo, pelas redes sociais.

"A superlua é um fenómeno, sobretudo, do folclore das redes sociais e tem uma origem astrológica, não é astronómica, daí muitos astrónomos terem uma certa aversão ao próprio termo. Foi um termo cunhado no final da década de 70 por um astrólogo e a definição mais utilizada - porque ainda por cima não há sequer uma definição única - diz que a superlua existe quando o instante da lua cheia ocorre quando a Lua está a uma distância da Terra inferior a 110% do perigeu da sua órbita, ou seja, tem em consideração aqui dois aspetos: ser uma lua cheia e estar no ponto mais próximo da sua órbita à volta da Terra", explica à TSF Miguel Gonçalves.

Apesar de estar mais próxima, a diferença no tamanho da lua é pouco percetível a olho nu. Miguel Gonçalves diz que, na prática, tudo acontece graças a uma ilusão de ótica.

"Vai parecer sempre um bocadinho mais brilhante, ligeiramente maior do que uma lua cheia normal. É uma ilusão de ótica interessante - quando a Lua está mais próxima do horizonte, aos nossos olhos, parece-nos maior do que o habitual. Isso é, de facto, uma ilusão de ótica", acrescenta.