Pela primeira vez na História. Rim de porco é transplantado com sucesso para humano

O recetor é uma paciente que se encontrava em morte cerebral e que, antes de lhe se desligado o suporte de vida, viveu por vários dias com um rim transplantado de um porco.

Nunca antes tinha acontecido. O rim de um porco foi transplantado com sucesso para um humano. É a primeira vez que o sistema imunitário de um recetor não rejeita de imediato o transplante de um órgão deste tipo, conta a agência Reuters.

Tudo aconteceu no centro médico Langone Health da Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América. Os cientistas alteraram os genes de um porco, de modo a eliminar a molécula nos tecidos do rim que faz com que o órgão seja rejeitado quase de imediato pelo corpo humano. O avanço traz um grande potencial para futuros transplantes, especialmente porque a medicina tem de lidar com um número reduzido de órgãos de humanos disponíveis para este efeito.

Nesta experiência de sucesso, o recetor do órgão foi uma paciente em estado de morte cerebral que apresentava sinais de disfunção nos rins, e cuja família autorizou que fosse testado um transplante, antes de lhe ser desligado o suporte de vida, adianta a agência Reuters.

Por se tratar de uma questão sensível, os investigadores consultaram especialistas legais e em ética e religião antes de proporem à família da paciente a participação na experiência.

De acordo com o cirurgião responsável pelo transporte, Robert Montgomery, os testes mostraram que o rim transplantado, que esteve três dias ligado à recetora, eeuancontrava-se a funcionar com normalidade e os níveis de creatinina (substância presente no sangue eliminada pelos rins) da paciente voltaram ao normal com o novo órgão.

Há décadas que os cientistas trabalhavam a possibilidade de usar órgãos de animais para transplantes em humanos, mas lutavam contra a rejeição destes pelo sistema imunitário. Os cientistas estão agora a analisar se o mesmo processo poderá ser aplicado com outros órgãos.

As alterações genéticas no porco dador que permitiram o sucesso deste transplante foram aprovadas, em dezembro do ano passado, pela Food and Drug Administration (FDA), a agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos que regula os medicamentos, mas foi ainda necessária uma autorização especial antes de este poder ser usado em humanos.

Os investigadores responsáveis por este caso de sucesso na Universidade de Nova Iorque afirmam que o exemplo pode abrir caminho para que, dentro de um a dois anos, possam ser feitos transplantes de rins de porco em doentes com falência renal crítica, funcionando mesmo como solução permanente ou até que um rim humano fique disponível.

"Para alguns destes doentes, a taxa de mortalidade é tão alta como a de alguns pacientes com cancro, pelo que não pensamos duas vezes se pudermos usar novos medicamentos e novas experiências que lhes tragam mais alguns meses de vida", afirmou Robert Montgomery, citado pela agência Reuters.

Segundo a Associação Portuguesa de Insuficientes Renais, o tempo médio de espera por um rim de dador falecido em Portugal é de cerca de 3,5 anos. Podem ser realizados transplantes de dadores cadáver, familiares próximos e, mais recentemente, de dadores sem relação parental.

Na maioria dos casos, os rins transplantados têm, apesar de tudo, um período de tempo após o qual entram em falência. Segundo a Associação Portuguesa de Urologia, em média, um rim transplantado funciona adequadamente cerca de 15 anos (ao fim deste tempo, o doente pode retornar à diálise e, eventualmente, tornar-se novamente candidato a um transplante).

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