Repovoamento de cavalos-marinhos na Ria Formosa está a resultar

A Universidade do Algarve libertou cavalos-marinhos criados em cativeiro em meio natural há cerca de três meses. Os investigadores continuam a vê-los no local.

Desde novembro do ano passado, altura em que colocaram na Ria Formosa 60 cavalos-marinhos, a maior parte nascida em cativeiro, os investigadores já fizeram alguns mergulhos no local. E o que viram, agradou-lhes. "São dados preliminares, mas temos encontrado animais que foram libertados, o que é um bom sinal da sua adaptação às condições da ria", afirma Jorge Palma.

O investigador do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve tem criado em cativeiro desde há alguns anos os cavalos-marinhos, e há cerca de três meses fez o repovoamento numa das duas áreas da Ria Formosa criadas para proteger esta espécie. Ali, foi necessário criar condições especiais.

"Foi preciso introduzir nessas zonas dois tipos de estruturas, uma natural e outra artificial", adianta. Para uma zona menos profunda foram transplantadas ervas marinhas e noutra, mais profunda, onde não chega tanta luz, colocaram-se ervas artificiais, permitindo assim aos cavalos-marinhos fixarem-se no local.

Por enquanto, estes 60 animais ainda não se reproduziram em meio natural, visto que a época de reprodução acontece durante os meses de verão. Os cientistas conhecem cada um deles pelas características físicas, como se fosse o seu bilhete de identidade. "O cavalo-marinho de focinho comprido, o mais abundante na ria, tem um padrão de pintas e riscas no corpo que se mantêm desde que nasce", explica o investigador. Antes de os libertarem, foram tiradas fotografias que foram passadas por um programa de computador, permitindo assim identificar cada um dos animais e saber se têm sobrevivido.

Jorge Palma espera que este trabalho um dia dê frutos, mas considera que isso só acontecerá se não houver também degradação do meio ambiente e do habitat dos cavalos-marinhos.

Para já, aquela que foi considerada, em 2001, a maior comunidade de cavalos-marinhos do mundo está hoje ameaçada. "Atualmente estamos com um decréscimo para cima de 90%", lamenta.

"Felizmente não temos visto pior que isso, mas também pior seria quase o desaparecimento", preconiza. O investigador do CCMAR afirma, no entanto, que nos últimos mergulhos dentro da área protegida tem visto "um bom aumento de animais, sendo que metade deles são juvenis".

"Há um motivo para ter esperança", acredita.

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