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A solução do projeto Safeforest envolve a utilização de um drone e um robot terrestre para realizar limpezas de terrenos, atuando ao nível da prevenção e combate de incêndios florestais. Para que este sistema robótico chegue ao mercado há ainda algum trabalho pela frente.
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Os dois equipamentos colaboram entre si. "O drone tem uma capacidade de mobilidade e graus de liberdade que um robot terrestre não tem", começa por explicar Micael Couceiro, CEO da Ingeniarius, empresa líder do projeto.
"O nosso objetivo foi utilizar o drone para conseguir adquirir uma série de informação relevante, nomeadamente mapas, para, posteriormente, facultar esses mapas com outra informação semântica relevante, por exemplo, as zonas em que o robô terrestre consegue circular ou não, as zonas que tem combustível para ser removido ou não".
Posteriormente, continua o coordenador, o robot terrestre recebe essa informação e "opera de forma autónoma" limpando a vegetação, considerada combustível florestal.
"Nós destroçamos essa vegetação e, ao destroçar essa vegetação, as partículas que permanecem no solo permanecem quase sem oxigénio nenhum entre elas. Logo, a combustão é muito mais reduzida e é esse o grande objetivo deste tipo de tecnologias".
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A demonstração do equipamento decorreu, esta quinta-feira, em Coimbra, no âmbito de um workshop, promovido pela Universidade de Coimbra, dedicado ao projeto Safeforest -Semi-Autonomous Robotic System for Forest Cleaning and Fire Prevention. O objetivo é o desenvolvimento de tecnologias inovadoras para a prevenção de incêndios florestais, com ênfase na robótica móvel.
Este projeto é liderado por um consórcio constituído pelas empresas Ingeniarius e SILVAPOR, em colaboração com a Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI) e o Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, bem como com a Universidade americana Carnegie Mellon (CMU).
Para Micael Couceiro "são muitas" as mais-valias destas soluções, sublinhando que, "com as mudanças climatéricas, os experts na matéria estão a aperceber-se que os incêndios florestais estão a começar cada vez mais cedo".
E se antes os incêndios começavam em junho, "agora chegamos a ter situações em abril, por vezes até em março, em que temos incêndios florestais". "E isto vai continuar a agravar", acrescenta.
"A linha temporal que temos para poder fazer esta manutenção preventiva está a começar a reduzir. E os recursos humanos que temos para a fazer não estão a aumentar. Aquilo que nos propomos a fazer é, de facto, desenvolver um conjunto de ferramentas autónomas e semiautónomas que possam colaborar com esses recursos de forma a expandir o potencial que temos de realizar essa prevenção", afirma o coordenador.
Quanto à entrada no mercado, Micael Couceiro reconhece que estas soluções "não estão" ainda prontas, notando que este é um "projeto de investigação". Numa escala de 1 a 9, e se tivesse de atribuir um número, o coordenador daria "cinco, seis".
"Ainda temos trabalho de maturação a ser feito, nomeadamente na camada de perceção que é a camada mais fundamental de todo o sistema que é a capacidade que o robô tem em identificar aquilo que é vegetação que deve ser removida e vegetação que deve ser mantida".