"Um espetáculo." Janeiro arranca com chuva de meteoros e bolas de fogo no céu

Chamam-se Quadrântidas e são visíveis já nesta madrugada. Devido à fase da Lua, será possível observar até 60 meteoros por hora, mas ainda assim "vai valer a pena por causa das bolas de fogo".

2023 começa com uma chuva de meteoros: são as Quadrântidas e o pico acontece já na madrugada desta quarta-feira, dia 4 de janeiro, por volta das 04h00.

A par das Perseidas, que acontecem em agosto, ou das Geminíadas, em dezembro, estas "são uma das chuvas mais intensas do ano", afirma à TSF Ricardo Reis, do grupo de comunicação de ciências do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço. No entanto, as Quadrântidas são conhecidas não por produzirem meteoros com "grande rasto", mas sim "bolas de fogo frequentes".

A visibilidade do fenómeno depende da meteorologia, que, contrariamente ao que é habitual nesta altura, este ano parece ser um ponto a favor. Contudo, a fase da Lua pode ser um entrave. "Apesar do bom tempo, quanto mais cheia estiver a Lua, mais brilhante está o céu. Em princípio, vai cortar o número de meteoros por hora para metade ou um quarto, mesmo assim vai valer a pena por causa das bolas de fogo."

Em vez dos habituais 120 meteoros por hora num céu escuro, a Lua vai fazer com que o número de meteoros seja reduzido para cerca de 60. "Mas como estas chuvas têm bolas de fogo, que são meteoros muito mais brilhantes, mas com menos rasto, é possível vê-los mesmo com a Lua quase cheia."

A particularidade das Quadrântidas reside no "sítio do céu de onde elas vêm". "Tem a ver com uma constelação antiga, que já não existe, porque, neste momento, o sítio de onde parecem emanar todos os meteoros está na constelação do Boieiro, mas ainda assim mantivemos o nome de Quadrântidas", sustenta.

"A constelação do Boieiro nasce por volta das 23h30, do dia 3 para dia 4, quase à meia-noite, e esta constelação está visível abaixo da cauda da Ursa Maior, a nordeste. Isto é o ponto de fuga de todos os meteoros. Se nós conseguíssemos traçar a direção de onde vêm todos os meteoros, eles parecem vir daquele ponto do céu", sublinha.

Ricardo Reis explica que "o que está a acontecer é que a Terra está a atravessar o campo de detritos deixado por um astro ao longo da sua órbita". "Neste caso, é o objeto é 2003 EH1, que se supõe ser um núcleo de um cometa morto e daí o facto de ela produzir muitas bolas de fogo. Os detritos que vai deixando já não são poeiras, a maior parte são pedrinhas um bocadinho maiores."

Para a observação deste fenómeno, já esta madrugada, Ricardo Reis recomenda que se tente "apanhar o máximo de céu possível". "O ideal é estar deitado no chão a olhar para cima, e, se possível, num sítio em que se consiga tapar a luz direta da Lua."

"De preferência", fora das grandes cidades, mas mesmo nesses locais "será possível ver alguns". "Nunca os 60 por hora. Em regra, a olho, é que a poluição luminosa só nos deixa ver cerca de 10 a 20 por cento dos meteoros que se veriam num céu escuro", refere.

"De qualquer das maneiras, para quem puder estar a olhar para o céu, vale a pena, porque as bolas de fogo são sempre um espetáculo bastante interessante", acrescenta.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG

Patrocinado

Apoio de