Testemunho de um norte-americano: Dias mais felizes no Ruanda 20 anos depois do genocídio
Vinte anos depois do genocídio, o Ruanda já não é o lugar que Carl Wilkens, o único norte-americano que ficou no país, conheceu quando ali chegou em 1990. Apesar de todo o trauma e sofrimento, a população renovou-se e aprendeu a viver com a história.
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Carl Wilkens foi um dos 10 estrangeiros que ficaram no país para ajudar as vítimas do genocídio, algo que o ligou para sempre ao Ruanda onde esteve 10 vezes nos últimos seis anos.
Hoje 75% da população tem menos de 30 anos, o que quer dizer que a grande maioria não tinha nascido na altura do genocídio.
Quanto aos mais velhos, os que levaram a cabo a matança e os que sobreviveram vão a pouco e pouco fechando as feridas.
Carl Wilkens estava há quatro anos no Ruanda quando começou o genocídio. Este norte-americano lembra-se, como se fosse hoje, da noite em que o avião presidencial foi abatido.
«Por volta da hora do jantar, deviam ser umas oito da noite, estávamos a pensar pôr as crianças na cama, quando ouvimos uma grande explosão, não percebi o que era», explicou.
Nos dias seguintes a embaixada norte-americana retirou do país todos os cidadãos, mas Carl Wilkens ficou na tentativa de salvar duas vidas.
«A minhã mulher e eu tínhamos uma jovem que vivia e trabalhava na nossa casa e tinha um bilhete de identidade tutsi. Tinhamos um jovem que fazia segurança durante a noite e que também era tutsi. E nós pensámos: como podemos deixar estas duas pessoas para trás sabendo que elas seriam mortas num curto espaço de tempo», salientou.
Os dois acabaram por sobreviver e Carl Wilkens manteve-se em contacto.
Para além dos dois empregados este norte-americano salvou centenas de crianças de três orfanatos da capital, levava-lhes água e comida e quando se deparou com uma ameaça imediata recorreu ao aliado mais improvável.
Passados 20 anos Carl Wilkens continua a seguir a vida destes orfãos e conta feliz que um deles é quase juiz, um outro formou-se em engenharia e há uma jovem que organiza casamentos.