A dois dias das primárias democratas na Carolina do Sul, os candidatos continuam a tentar convencer o eleitorado afro-americano. O voto negro é decisivo pois representa, do lado dos democratas, mais de 50% dos eleitores registados.
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Bernie Sanders tem passado pouco tempo na Carolina do Sul, fez um comício no domingo, uma conferência de imprensa ontem, e não tem mais agenda confirmada até sábado. Ainda assim, garantiu o apoio de dois membros democratas do Congresso estadual, dois ativistas na defesa da comunidade afro-americana.
O retrato do estado da Carolina do Sul, desenhado por esses dois políticos locais, é amargo. O futuro aqui depende do sítio e da comunidade onde se nasce. Há zonas da Carolina do Sul com indústria e empregos, e há outras áreas onde décadas de desinvestimento deixaram um rasto de pobreza difícil de resolver e de encarar.
Os responsáveis admitem que é um assunto de que não se fala muito.
Numa manhã com alerta de tornado, vento e chuva fortes lá fora, o deputado estadual Justin Bamberg aproveitou a sala cheia de jornalistas para desabafar:
"Para quem não saiba, quero dizer-vos que a pobreza não presta. Enquanto estamos aqui dentro protegidos dos elementos, a chuva que cai lá fora, cai também dentro de muitas salas de aula neste Estado. Mesmo no meu distrito, em Denmark, Carolina do Sul, crianças de 5 e 6 anos caminham à chuva e na lama para chegarem a uma roulotte (ou caravana, como acharem melhor), com a esperança de se sentarem e de não estar demasiado húmido lá dentro".
Joe Neal, outro deputado estadual, fala de um corredor de vergonha que atravessa parte do Estado, no leste, uma zona deprimida há décadas.
"Temos partes do estado em que as pessoas são muito, muito pobres, onde há muito pouca indústria e trabalho. Ao longo da autoestrada 95, nós chamamos-lhe o corredor da vergonha, porque tem sido negligenciado durante tanto tempo. As escolas são péssimas, porque aquela área é tão pobre que não têm dinheiro para construir boas escolas", diz Joe Neal.
Joe Neal diz o que está na agenda nestas eleições: "Precisamos de indústria, precisamos de trabalhos, precisamos de melhor educação, e acesso a cuidados de saúde. Enquanto não resolvermos isso, a pobreza vai persistir".
Não é a América a que estamos habituados, longe disso, e aqui na Carolina do Sul está a fazer parte do discurso dos candidatos democratas.
A TSF acompanha o ano presidencial nos Estados Unidos no âmbito de uma parceria com a Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento (FLAD).