Lula responde a Trump: "orgulhoso" do STF, Presidente brasileiro garante que julgamento de Bolsonaro "não foi caça às bruxas"
Esta é também a primeira reação pessoal de Lula da Silva à pena imposta pelo STF ao antecessor e adversário nas eleições presidenciais de 2022
Corpo do artigo
O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, garantiu este domingo que o julgamento contra o antecessor Jair Bolsonaro "não foi uma caça às bruxas", numa resposta às críticas do homólogo norte-americano, Donald Trump.
Num artigo de opinião publicado na edição deste domingo do jornal The New York Times, com o título "A Democracia Brasileira e a sua Soberania não são negociáveis" ("Brazilian Democracy and Sovereignity are non-negotiable"), Lula da Silva disse estar "orgulhoso do Supremo Tribunal Federal (STF) pela decisão histórica" e garante que o processo "não foi uma caça às bruxas".
Esta é também a primeira reação pessoal de Lula da Silva à pena imposta pelo STF ao antecessor e adversário nas eleições presidenciais de 2022.
O Brasil enfrenta uma crise diplomática com os Estados Unidos devido ao julgamento contra Bolsonaro e seus aliados. Trump puniu o país com tarifas alfandegárias de 50%, uma das mais altas do mundo, sobre boa parte dos seus produtos. Além disso, vários membros do STF são alvo de sanções de Washington devido à sua atuação no caso contra Bolsonaro.
“Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos. Mas a democracia e a soberania do Brasil não são negociáveis”, escreveu o chefe de Estado brasileiro.
Bolsonaro, de 70 anos, foi condenado por liderar uma organização destinada a impedir a posse de Lula, que o derrotou nas eleições de 2022.
“O julgamento foi resultado de um processo conduzido de acordo com a Constituição de 1988 do Brasil, promulgada após duas décadas de luta contra uma ditadura militar”, afirmou ainda.
"Meses de investigações (...) descobriram planos para me assassinar, assim como ao vice-presidente e a um juiz do Supremo Tribunal", acrescentou.
O golpe de Estado não foi bem-sucedido por falta de apoio das lideranças militares, segundo a decisão do STF.
Este julgamento "assemelha-se ao que tentaram fazer comigo", declarou Donald Trump após a condenação de Bolsonaro, numa referência aos seus próprios problemas judiciais devido à invasão do Capitólio pelos seus apoiantes em 6 de janeiro de 2021.
O STF do Brasil condenou na quinta-feira Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão, depois de a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal ter formado maioria para condenar o ex-Presidente por tentativa violenta de abolição do Estado de Direito Democrático, golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de património.
Bolsonaro foi ainda considerado culpado de liderar a organização julgada criminosa.
A entrada de Bolsonaro na prisão não será automática, pois ainda há margem para recursos.
Após a publicação do acórdão, a defesa e a acusação podem interpor embargos de declaração, no prazo de cinco dias, para corrigir eventuais contradições ou omissões. Esses recursos podem prolongar o processo por semanas ou meses.
Jair Bolsonaro permanece em prisão domiciliária.