A semana das primárias democratas na Carolina do Sul está a transformar-se numa caça ao voto dos afro-americanos. A maior comunidade étnica do estado é maioritariamente democrata, e está a ser disputada, voto a voto, por Hillary Clinton e Bernie Sanders.
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Gladys Goforth, 88 anos, trouxe a irmã mais nova e três amigas, ou melhor, veio com elas a um debate com Hillary Clinton, porque já não conduz. Professora de francês, só deixou de dar aulas há três anos, aos 85. Nascida e criada na Carolina do Sul, Gladys conheceu a segregação racial dos bancos da escola primária até à Universidade.
"Quando era criança, cresci numa comunidade rural, tínhamos de caminhar quatro quilómetros, todos os dias, para chegar à escola, e as crianças brancas passavam por nós no autocarro e cuspiam-nos. Os nossos pais não podiam pagar o transporte escolar", contou Gladys à TSF. E prosseguiu. "Depois tive o privilégio de ir para o liceu, e para a Universidade, mas tive de ir para Nova Iorque. Quando me licenciei e comecei o mestrado, a Universidade da Carolina do Sul não aceitava alunos negros. Pagavam-nos para irmos estudar para fora do Estado".
Gladys diz que muito mudou, mas que a comunidade afro-americana ainda precisa de progredir mais. "A educação é a chave, a fraternidade é outra chave, e, historicamente, nunca nos esquecermos de onde viemos".
De pé na fila, à espera de entrar, não tem dúvidas porque saiu de casa. Hillary é a melhor candidata. "Acho que ela é a melhor candidata que temos, e que daria uma boa Presidente. Tem muita experiência, é muito inteligente, e preocupa-se com as pessoas"
E Bernie Sanders, não a convence. "Respeito-o, mas não é a minha escolha para Presidente. Bem, para alguém que tem 88 anos, eu provavelmente não devia dizer isto, mas, para ser franca, ele é um bocadinho velho demais. É bom a motivar as pessoas, mas tenho dúvidas que consiga cumprir tudo o que promete".
É este tipo de apoio, entre a comunidade afro-americana, que está a deixar Hillary Clinton à beira da vitória na Carolina do Sul.
A TSF acompanha o ano presidencial nos Estados Unidos no âmbito de uma parceria com a Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento (FLAD).