
Reuters
É o dia mais importante nesta fase de primárias e caucus no processo eleitoral nos Estados Unidos. No mesmo dia, esta terça-feira, 12 estados e um território votam para escolher o candidato presidencial, quer do lado democrata, quer do republicano.
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Vão a votos Alabama, Alaska, Arkansas, Colorado, Georgia, Massachusetts, Minnesota, Oklahoma, Tennessee, Texas (de longe o estado mais importante, com o maior em número de delgados nesta superterça-feira - 115 para os republicanos e 252 para os democratas), Vermont, Virginia, e o território da Samoa Americana.
É preciso lembrar que, nesta fase do processo, trata-se de uma corrida de delegados. Elegem-se delegados para as convenções dos dois partidos em Julho. E, há mais de um terço dos delegados em jogo hoje do lado dos republicanos e quase metade no partido democrata. Isto dá-nos a dimensão precisa da importância deste dia, sobretudo se olharmos para os delegados eleitos nos causus e primárias até agora. Iowa, New Hampshire, Nevada e Carolina do Sul elegeram apenas 2% dos delegados do partido democrata e 5% dos republicanos.
O que está em causa?
Quem vai na liderança - Hillary Clinton e Donald Trump - vai reforçar a vantagem ou abrandar o ritmo?
Do lado democrata, Bernie Sanders (um senador quase desconhecido com uma agenda social-democrata, muito radical para os EUA, e que fala todos os dias em revolução política) ganhou no New Hampshire, quase empatou no Iowa, mas foi derrotado com estrondo na Carolina do Sul, com Hillary Clinton a conseguir uma vantagem decisiva no voto negro, no voto da comunidade afro-americana. Um voto que, a julgar pelas sondagens à boca das urnas, foi igualmente decisivo hoje, para Hillary, na Georgia. Será curioso ainda ver qual o comportamento dos eleitores latinos no Texas.
Bernie Sanders, senador pelo Vermont, venceu no estado de origem, mas as projectadas vitórias de Hillary nos restantes estados, se forem conseguidas com grande margem, podem significar já hoje uma vantagem decisiva para a nomeação. Não será caso para Bernie Sanders desistir da corrida, o senador do Vermont tem uma máquina de campanha já muito profissional, está bem financiado com uma rede imensa de pequenas contribuições, e mesmo que pareça já impossível a nomeação com candidato presidencial, ele há-de levar a campanha até à convenção de Filadélfia, no final de Julho. Aliás, Bernie Sanders tem uma campanha que nunca teve como objectivo real chegar à nomeação, mas sim fazer entrar na campanha temas como a equidade, a justiça social, o combate à pobreza, o acesso universal à educação, ou à segurança social.
Do lado dos republicanos, há muito mais questões, até porque há mais candidatos.
Donald Trump pode conseguir, tal como Hillary, uma vantagem decisiva já hoje. As sondagens dão-lhe a liderança em quase todos os estados em jogo hoje, e em caso de uma vitória esmagadora, como vimos noutros estados até aqui, será curioso ver a reacção do partido republicano. Só esta semana é que Donald Trump conseguiu o primeiro apoio oficial de um senador do partido, e numa entrevista no domingo, Trump confessou que não sentia apoio do partido republicano. Houve, de resto, sinais de grande preocupação das fações mais moderadas do partido nos últimos dias, já depois das vitórias de Trump na Carolina do Sul e no Nevada. Mitt Romney, candidato presidencial em 2012, veio a público criticar Donald Trump, levantando suspeitas sobre a declaração de rendimentos e de impostos do empresário. Há super-pac, comités de doadores, a preparar investimento de forma massiva em publicidade negativa contra Donald Trump, e houve mesmo notícias que davam conta de um movimento entre os moderados do partido republicano, para promover o voto em Hillary Clinton, se Trump conseguir a nomeação no congresso de Julho.
Para esta noite, há questões mais directas e práticas, como o comportamento de Ted Cruz no Texas. Ted Cruz é senador pelo Texas, e está quase obrigado a ganhar em casa. Depois de dois terceiros lugares, na Carolina do Sul e no Nevada, uma derrota no estado de origem pode ser fatal, com os financiadores a retirarem o apoio e a forçarem uma desistência.
Marco Rubio, outro dos principais concorrentes do lado republicano, também precisa de uma vitória com carácter de urgência ainda não conseguiu nenhuma. As primeiras sondagens mostram o senador pela Flórida a lutar voto a voto contra Donald Trump no Vermont e na Virginia, estados com um eleitorado mais qualilficado, e com níveis de rendimento e qualidade de vida superiores aos estados do sul. De qualquer forma, o estado decisivo para Marco Rubio é a Flórica. Rubio tem de ganhar em casa, e será aí que vai acontecer o grande embate com Donald Trump. Aliás, há um sinal da importância dessa batalha esta noite. Os dois, Trump e Rubio, estão a acompanhar os resultados da superterça-feira na Flórida, que só vai a votos daqui por 15 dias.
A TSF vai acompanhar com muita atenção as primárias na Flórida, com o repórter Nuno Guedes no terreno a partir de dia 10.