Sarkozy chegou à prisão de La Santé e reafirmou estar inocente: "A verdade triunfará. Mas preço a pagar terá sido esmagador"
O antigo chefe de Estado francês confessou sentir "tristeza" por uma França que se "encontra humilhada pela expressão de uma vingança que levou o ódio a um nível sem precedentes"
Corpo do artigo
O ex-Presidente francês Nicolas Sarkozy chegou esta terça-feira à prisão de La Santé, Paris, para cumprir a pena de cinco anos por financiar a campanha eleitoral do Eliseu de 2007 com fundos do regime líbio de Muammar Kadhafi.
Nicolas Sarkozy chegou à prisão pelas 09h40 (08h40 em Lisboa).
À saída de casa, o ex-Presidente disse que "a verdade vai triunfar".
Já na rede social X, Sarkosy dirigiu-se a todos os franceses para afirmar que é não é um antigo chefe de Estado que está a ser preso, mas antes um "inocente". Acrescentou, por isso, que vai continuar a denunciar este "escândalo judiciário", como já faz há dez anos.
No momento em que me preparo para atravessar os muros da prisão de La Santé, os meus pensamentos vão para os franceses e francesas de todas as condições e opiniões. Quero dizer-lhes com a força inabalável que me caracteriza que não é um antigo Presidente da República que está a ser preso esta manhã, mas sim um inocente.
Nicolas Sarkosy escreveu ainda que não pede nenhum favor ou vantagem e reafirmou o apoio da família, expressando ter "tristeza" pela França, que se "encontra humilhada pela expressão de uma vingança que levou o ódio a um nível sem precedentes".
O ex-Presidente acrescentou que não tem dúvidas de que "a verdade triunfará", mas avisa que o "preço a pagar terá sido esmagador".
Sarkozy, 70 anos, é o primeiro ex-chefe de Estado da História de França a ser preso e deve ser colocado numa ala especial da cadeia de La Santé, numa das 15 celas de nove metros quadrados da unidade de confinamento solitário.
Desta forma, Nicolas Sarkozy vai evitar qualquer contacto com outros reclusos, garantindo a segurança pessoas e impedindo qualquer fotografia não autorizada captada através de telemóveis.
Os advogados de Nicolas Sarkozy devem apresentar um pedido de libertação do ex-Presidente que recorreu da sentença, logo que entre na prisão.
A sentença foi decretada no passado dia 25 de setembro.
Sarkozy foi o 23.º Presidente de França tendo ocupado o cargo entre 2007 e 2012.
De acordo com a edição desta terça-feira do jornal Le Figaro, Sarkozy reuniu-se na passada sexta-feira com o atual chefe de Estado, Emmanuel Macron.
A notícia cita fontes da presidência francesa.
O antigo chefe de Estado foi considerado culpado por ter permitido que dois conselheiros do Ministério do Interior (equivalente ao Ministério da Administração Interna) iniciassem negociações em Tripoli com o objetivo de financiar secretamente a campanha presidencial de 2007.
