A dois dias das primárias democratas na Carolina do Sul, Hillary Clinton e Bernie Sanders continuam a caça ao voto afro-americano.
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O voto negro representa, do lado dos democratas, mais de 50% dos eleitores registados - é decisivo. A antiga primeira-dama, Hillary Clinton, juntou mulheres, antigos membros de uma irmandade universitária com história, nos arredores de Columbia, e falou-lhes ao coração.
O enviado especial da TSF, Paulo Tavares, ouviu a candidata traçar um quadro amargo das condições de vida dos negros nos Estados Unidos, numa sessão marcada por muita emoção.
Uma apresentação em dueto, por duas miúdas vestidas de cor-de-rosa e de verde. São as cores da irmandade universitária Alpha-Kappa-Alpha. Tem história, esta casa. Rosa Parks, a costureira negra que em 1955 se recusou a ceder o lugar no autocarro a um homem branco, e espoletou um movimento de protesto em Montegomery, aqui ao lado no Alabama, foi membro da Alpha-Kappa-Alpha.Maya
Angelou, a primeira afro-americana motorista de autocarro em Chicago, ativista, poeta e escritora, também por lá passou. A primeira-dama Michelle Obama foi da Alpha-Kappa-Alpha.
Hillary Clinton almoçou numa sala cheia de mulheres vestidas de cor-de-rosa e verde, uma sala exclusivamente afro-americana, e lançou alguns números para começar a conversa. "As mulheres negras têm 40% mais hipóteses de morrer de cancro da mama, do que as mulheres brancas, porque são diagnosticadas mais tarde. Algo está errado quando as mulheres negras têm tês vezes mais hipóteses de morrer, neste país, século XXI, devido a complicações na gravidez e no parto. E estas tendências estão a piorar, não estão a melhorar, apesar de a América como um todo estar melhor".
Um outro dado espantou a audiência. "As crianças negras têm 500 vezes, 500% mais hipóteses de morrer de asma do que os miúdos brancos. O que eu tenho pedido às pessoas é: imaginem que isto era ao contrário".
Hillary Clinton tratou de colocar as cartas na mesa, afinal este é um ano eleitoral diferente, mais importante. "Há muito em jogo nestas eleições. Acho que é das mais decisivas desde há muito tempo. Só têm de ouvir o outro lado. Eles querem retirar-nos todos os direitos. Os direitos das mulheres, dos gays, dos eleitores, dos trabalhadores. Querem voltar o tempo para trás".
A antiga secretária de Estado está a correr a Carolina do Sul, com Bill Clinton também a dar uma ajuda, mas com uma agenda separada. Um esforço de campanha bem maior do que Bernie Sanders, que mal passou por aqui. Aparentemente, o senador do Vermont já deu a Carolina do Sul como perdida para Hillary.
A TSF acompanha o ano presidencial nos Estados Unidos no âmbito de uma parceria com a Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento (FLAD).