Uma questão de fé? Ainda há quem acredite na nomeação de Bernie Sanders
Em Filadélfia, por estes dias, não é raro encontrar quem ainda vislumbre um futuro com Bernie Sanders na presidência. As vozes democratas contra a nomeação de Hillary Clinton prometem ser firmes.
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Até ao final da semana, Filadélfia, na Pensilvânia, é o epicentro das decisões no Partido Democrata, que deverá oficializar a nomeação de Hillary Clinton como candidata presidencial. Mas nem todos estão satisfeitos com uma nomeação da antiga primeira-dama, por isso, qualquer local mais mediático é visto como o ideal para fazer passar uma mensagem.
Por isso, no centro da cidade, junto ao Sino da Liberdade - símbolo do movimento abolicionista e da luta contra a escravatura - houve quem aproveitasse uma emissão especial da cadeia de televisão norte-americana MSNBC para aparecer com alguns cartazes a favor de Bernie Sanders.
Entre os manifestantes - que garantem que vão continuar a protestar, ou até a apoiar, de forma ordeira e pacífica -, estão representados vários estados e cidades diferentes, mas o objetivo é comum: demonstrar há um número significativo de apoiantes do senador do Vermont e insistir na ideia de que Sanders ainda tem possibilidades de ser o nomeado do lado democrata.
"Vim para apoiar Bernie Sanders e dizer que ele tem um tremendo apoio", diz à TSF Michael Sacks, um eleitor do estado do Indiana, pouco convencido com o apoio oficial dado pelo candidato a Hillary Clinton: "Foi muito duro para nós".
Opinião semelhante tem Kelly Miller, natural de Nova Iorque, e que junto de Michael e de outros apoiantes de Sanders insiste que ter o candidato como presidente dos Estados Unidos é mais do que uma miragem.
"Ele ainda é um presumível candidato à nomeação democrata tanto quanto Hillary Clinton. Ela ainda não recebeu o número de delegados que era suposto, portanto, com tudo o que se está a passar, com as fraudes, com o facto de haver votos que terão desaparecido durante as primárias... Há mesmo muitas pessoas a apoiar Bernie Sanders", afirma.
Na Convenção, uma mudança drástica do sentido de voto é vista pela esmagadora maioria como impossível, mas há quem acredite que é apenas uma questão de tempo até o efeito criado pelo senador do Vermont ser verdadeiramente disseminado pelos Estados Unidos.
"Ele próprio [Bernie Sanders] insistiu que não seria algo que ele iria conseguir fazer sozinho e que terá de ser um movimento construído por atores políticos de toda a parte. Nós precisamos de votar, de exigir uma mudança de politicas", sublinha Michael Sacks, que insiste nos méritos do candidato: "Ele disse o que eu esperava de mais sincero num candidato. Ele é boa parte do movimento, mas o movimento tem de ser maior do que ele e tem de continuar".
Um movimento que conta também com o apoio de Adam Wiseman, que viajou de Nova Jérsia e que desde logo, durante a emissão da MSNBC, lembrou por diversas vezes o nome de uma organização bem conhecida dos democratas: "WikiLeaks! WikiLeaks!", o grupo responsável por revelar os perto de 20 mil e-mails internos do Partido Democrata, nos quais fica a saber-se da estratégia do partido para afastar Bernie Sanders da nomeação.
Uma polémica que levou ao anúncio de demissão por parte de Debbie Wasserman Schultz, atual presidente do partido, e que, sublinha Adam Wiseman, só reforça o sentimento contra a antiga secretária de Estado de Barack Obama.
"Eu penso que Hillary Clinton é uma oportunista que construiu a carreira em torno dos interesses dos liberais na sombra e, em última análise, no apoio aos interesses das grandes corporações".
A TSF acompanha as eleições nos Estados Unidos com o apoio da Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento.