Empresas que apoiam Bolsonaro pagam campanha contra PT no WhatsApp. "Fraude", diz Haddad
A segunda volta das eleições brasileiras está a aproximar-se e o envio massivo de mensagens é uma das últimas cartadas na campanha de Bolsonaro. Prática pode ser considerada ilegal. Haddad já reagiu: "Estamos diante de uma tentativa de fraude eleitoral."
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Um conjunto de empresas que apoiam Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais brasileiras estão a comprar pacotes de envio de mensagens em massa, no WhatsApp, com conteúdo contra o Partido dos Trabalhadores (PT). Está em causa uma disseminação de um número ainda desconhecido de mensagens, aquilo a que os brasileiros chamam "disparo em massa", na grande ação de campanha esperada para a segunda volta das eleições que colocam frente a frente Bolsonaro e Haddad.
De acordo com o jornal Folha de São Paulo, cada contrato ronda os 12 milhões de reais (cerca de 2 milhões e 820 mil euros) e a iniciativa será ilegal por se tratar de uma campanha de doação que não é declarada.
As mensagens são enviadas para a base de dados do candidato presidencial ou para bases disponibilizadas por agências digitais, algo considerado ilegal, tendo em conta a legislação eleitoral que não permite a compra de bases de dados de utilizadores.
As empresas responsáveis pelos envios das mensagens estão a recusar pedidos de trabalho até ao dia da segunda volta das eleições, argumentando que têm em mãos envios massivos de mensagens, mas até ao momento não há nenhuma que admita estar incluída no 'esquema'.
Oficialmente, apenas a empresa AM4 Brasil Inteligência Digital recebeu 115 mil reais (aproximadamente 27 mil euros) para trabalhos digitais na campanha.
Um professor de direito eleitoral ouvido pela Folha de São Paulo, Diogo Rais, diz que este tipo de campanha com empresas a favorecerem um candidato numa ação não declarada é proibido. Sem comentar casos específicos, o especialista explica que se trata de um crime de abuso de poder económico que pode levar à suspensão da lista de Bolsonaro, "cassação da chapa", como se diz em português do Brasil.
Fernando Haddad reagiu pouco depois da divulgação da reportagem, acusando o partido de Bolsonaro de estar a preparar uma fraude eleitoral. "Estamos diante de uma tentativa de fraude eleitoral", disse o candidato à Presidência, à margem de uma reunião com juristas onde o caso das mensagens do WhatsApp foi discutido.