Depois da onda de demissões, Theresa May recebe uma moção de censura.
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Jacob Rees-Mogg, eurocético e deputado do partido Conservador de Theresa May, assinou uma moção de censura contra a primeira-ministra britânica.
Apesar de ser a favor do Brexit, Rees-Mogg vai enviar a carta à comissão interna que gere o processo.
Para uma moção de censura dentro do partido Conservador ser ativada pela Comissão 1922, que gere o processo de eleições internas do partido, tem de ser subscrita por 48 deputados conservadores, equivalente a 15% do grupo parlamentar de 315 deputados.
Se 159 dos 315 deputados conservadores não mostrarem confiança na líder dos "tories", é desencadeada uma eleição para a liderança, mas se resistir, May fica imune durante um ano a nova contestação interna.
Jacob Rees-Mogg recusou a ideia de que a moção de censura é uma forma de ele próprio chegar à liderança do partido e sugeriu os ex-ministros Boris Johnson ou David Davis como potenciais sucessores.
"O que precisamos é de um líder que diga à União Europeia que é impossível dividir o Reino Unido, é impossível concordar com uma situação que perpetua uma união aduaneira e é impossível pagar 39 mil milhões de libras de dinheiro dos contribuintes por algumas promessas (...) e é impossível aceitar a continuação da jurisdição do Tribunal Europeu de Justiça", justificou.
"O que foi atingido hoje não é o Brexit", condenou, juntando-se ao coro de vozes que contesta o projeto de acordo entre o Reino Unido e a União Europeia.
Questionado pelos jornalistas sobre se este um golpe para tirar a primeira-ministra do poder, Rees-Mogg diz apenas que "golpe" não é bem a palavra certa.
"Um golpe é quando se usam procedimentos errados. Estes procedimentos são constitucionais e por isso 'golpe' é uma palavra errada." Rees-Mogg disse que está apenas a seguir "os procedimentos do partido Conservador quando as políticas que são apresentadas não respeitam as promessas feitas aos eleitores"
Desafiada no parlamento pelo trabalhista Mike Gapes se admitia "afastar-se" para dar lugar a alguém que possa "levar o país para a frente com a unidade," a primeira-ministra respondeu com um lacónico: "Não".
Esta quinta-feira o governo de Theresa May sofreu uma onda de demissões, com seis saídas até à hora de publicação desta notícia.
Em causa está o rascunho de acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia, que abrange questões como a compensação financeira devida pela saída, os direitos dos cidadãos europeus no Reino Unido e dos britânicos na Europa, e o procedimento para garantir que a futura fronteira na província britânica da Irlanda do Norte com a República da Irlanda, Estado membro da União Europeia, continua a funcionar sem controlos sobre a circulação de pessoas, serviços ou mercadorias.
Esta é uma questão polémica devido ao risco de violar os acordos de paz de 1998 para a Irlanda do Norte, que pôs fim a um conflito de décadas entre republicanos católicos e unionistas protestantes.