O último balanço aponta para a existência de várias vítimas mortais. Ativistas acusam militares de dezenas de homicídios.
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O Zimbabué enfrentou na sexta-feira uma "paragem total da internet", após vários dias de violentos protestos contra a repressão das manifestações contra uma dramática subida dos preços dos combustíveis imposta pelo Governo.
Pessoas gravemente feridas foram conduzidas a um hospital da capital, Harare, depois de alegadamente terem sido agredidas pelas forças de segurança.
"O nosso país está a atravessar um dos períodos mais complicados da sua história", considerou a Conferência Episcopal Católica do Zimbabué, numa declaração, lamentando a "intolerância" do Governo face à contestação e a incapacidade de controlar o colapso económico.
RE-TWEET for awareness! There is a standoff in Epworth today as protesters moan the victim of yesterday's shooting. Soldiers, not police are on guard. A spark can trigger another senseless shooting. @DougColtart @DavidColtart @m_matigary#ShutdownZimbabwe pic.twitter.com/ITMtlF3KVp
- Citizens Forum Zimbabwe (@CitizensForumZW) 15 de janeiro de 2019
O acesso à internet e a aplicações de redes sociais populares, como o Facebook, Twitter e Whatsapp, tem sido bloqueada de forma intermitente, enquanto a maior empresa de telecomunicações do país, Econet, tem enviado aos clientes mensagens de texto reproduzindo a ordem governamental e declarando que a situação está "para além" da sua capacidade de controlo.
Uma queixa contra o bloqueio será analisada na segunda-feira em tribubal, disseram advogados do Zimbabué para os direitos humanos.
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- Citizens Forum Zimbabwe (@CitizensForumZW) 15 de janeiro de 2019
Um proeminente pastor e ativista, acusado de subversão, enfrenta a possibilidade de passar 20 anos na prisão, sendo um das mais de 600 pessoas detidas esta semana.
Evan Mawarire, hoje presente a tribunal, disse ser "de partir o coração" ver o novo Governo, chefiado por Emmerson Mnangagwa, comportar-se como o antigo Presidente, Robert Mugabe. O ativista será novamente ouvido a 31 de janeiro, decidiu hoje a justiça.
A comunidade internacional tem apelado para a diminuição da violência, quando Mnangagwa se prepara para pedir mais investimentos no Fórum Económico Mundial, que decorre em Davos na próxima semana.
O escritório das Nações Unidas para os Direito Humanos disse hoje que é urgente que o Zimbabué pare com as medidas drásticas de repressão das manifestações e com intimidações porta-a-porta praticadas pelas forças de segurança.
Uma coligação de organizações de direitos humanos revelou hoje que pelo menos 12 pessoas foram mortas e 78 baleadas no Zimbabué na repressão dos protestos iniciados na segunda-feira contra o aumento do preço dos combustíveis.
Num comunicado citado pela agência noticiosa norte-americana Associated Press, o Foro de ONG de Direitos Humanos do Zimbabué indica igualmente que no mesmo contexto mais de 240 pessoas foram alvo de "agressão, tortura, tratamento desumano e degradante" e 466 foram detidas arbitrariamente ou de um modo que a coligação designa de "transgressões em massa".
No passado sábado, o Presidente, Emmerson Mnangagwa, anunciou um aumento do preço do litro da gasolina de 1,38 para 3,31 dólares, mais do duplicando o seu custo.
A Confederação Sindical do Zimbabué convocou uma greve de três dias, que começou na segunda-feira seguinte, e os zimbabueanos vieram para as ruas manifestar-se contra a decisão e a crise económica que afeta o país.