O rapper e ativista angolano foi convidado para um encontro com o presidente João Lourenço.
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O ativista Luaty Beirão recordou esta segunda-feira que quando foi acusado de tentativa de rebelião em Angola garantiu que no Palácio presidencial apenas entraria como "ilustre convidado", o que se concretizará na terça-feira.
O 'rapper', um dos 17 ativistas detidos em 2015 por contestarem o regime angolano, e que chegou a estar preso durante vários meses -- tendo cumprido, em protesto, 36 dias de greve de fome na cadeia -, é um dos líderes de organizações da sociedade civil e não-governamentais que serão recebidos na terça-feira pelo chefe de Estado angolano, João Lourenço, para analisarem "questões da atualidade", anunciou hoje a Casa Civil do Presidente da República.
Disseram que queria dar golpe de estado,
- Luaty Beirão (@LuatyBeirao) 3 de dezembro de 2018
Retirar do trono o Zé,
instalar-me no Palácio
Respondi:
A única forma de algum dia entrar nesse mambo
Será pelo portão da frente
Como ilustre convidado. pic.twitter.com/aIapAmvSzK
"Disseram que queria dar o golpe de Estado, retirar o Zé [José Eduardo dos Santos, Presidente da República até setembro de 2017], instalar-me no Palácio. Respondi: a única forma de algum dia entrar nesse mambo [no Palácio Presidencial] será pelo portão da frente como ilustre convidado", escreveu hoje no Twitter Luaty Beirão, pouco depois de confirmar, na mesma rede, que irá estar presente na reunião com o chefe de Estado.
Além de Luaty Beirão e Alexandra Simeão, ambos pela associação Handeca, também o jornalista Rafael Marques, que investiga casos de corrupção envolvendo a elite angolana, pela Fundação Open Society Angola, Fernando Macedo, pela Associação Justiça, Paz e Desenvolvimento, Salvador Freire, pela Associação Mãos Livres, e José Patrocínio, pela OMUNGA, participam nesta reunião, segundo um comunicado da Casa Civil.
Na sua conta oficial na rede social Facebook, o Presidente angolano disse, a propósito, que "a sociedade civil constitui um interlocutor incontornável do Executivo na conceção das políticas públicas, visando o bem-estar de todos os angolanos".
"É tendo em conta este seu papel ativo que reúno amanhã [terça-feira] com representantes de organizações não-governamentais e de associações da sociedade civil, para com eles discutir questões de atualidade", escreveu hoje o chefe de Estado angolano.
Segundo a Casa Civil, estarão presentes representantes de cerca de uma dezena de instituições ligadas à defesa dos direitos humanos, desenvolvimento rural, direito e promoção da juventude.
Outras associações com participação confirmada na audiência coletiva são também o Centro Cultural Mosaico, a Ação para o Desenvolvimento Rural e Ambiente, a AMANGOLA e os conselhos Nacional e Provincial da Juventude.