Nem internet, nem sms. No Congo, ninguém pode comunicar até saírem os resultado eleitorais

epa07254608 An election clerk reacts as he and others count votes at a polling station in Kinshasa, Democratic Republic of the Congo, after general elections, 30 December 2018. DR Congo went to the polls on 30 December where the ruling party candidate Emmanuel Ramazani Shadary, a loyalist of outgoing president Joseph Kabila, is facing challenges by opposition leaders Martin Fayulu and Felix Tshisekedi. More than 1 million voters are excluded from the polls after the decision to postpone the poll in three districts citing Ebola crisis and insecurity. EPA/STEFAN KLEINOWITZ
EPA
A medida foi imposta pelo atual presidente da República Democrata do Congo, que teme a circulação de resultados eleitorais "fictícios" nas redes sociais.
Há dois dias que não há internet na República Democrática do Congo. Nem internet, nem mensagens sms. Um conselheiro de Joseph Kabila, o atual presidente da República Democrática do Congo, afirma que a medida foi adotada para preservar a ordem pública depois de terem começado a circular "resultados fictícios" nas redes sociais. "Isso poderia levar-nos diretamente ao caos", afirmou Barnabe Kikaya bin Karubi em declarações à agência de notícias Reuters.
Tanto a candidatura apoiada pelo Governo como a oposição afirmaram, esta segunda-feira, estar em vias de vencer o escrutínio.
A oposição acusa o Governo de, com o corte da internet, estar a tentar esconder a derrota, mas os primeiros resultados eleitorais só começam a sair esta terça-feira e a contagem não deve ficar concluída antes do próximo domingo. É essa a indicação dada pelo conselheiro de Kabila, que revela que a internet vai ficar desligada até serem divulgados os resultados finais, no dia 6 de janeiro.
A interferência governamental nas comunicações não se fica, no entanto, pelas redes sociais e pelas mensagens de telemóvel. A agência Reuters conta que o sinal da Rádio France Internationale (RFI), uma das fontes de notícias mais populares no Congo foi cortado e que o Governo retirou a acreditação do principal correspondente da rádio francesa no país, por ter divulgado resultados não-oficiais que favoreciam a oposição.
O ambiente de tensão mantém-se, já que as forças opostas a Kabila asseguram que a eleição foi marcada por fraudes, mas o Governo nega as acusações e garante que o sufrágio foi justo.