Madrid decidiu intervir na região por "desobediência rebelde, sistemática e consciente" do Governo regional. Mariano Rajoy quer eleições em seis meses. Puigdemont fala às 20h.
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O Governo espanhol propôs hoje destituir o presidente da Catalunha e todos os membros do seu executivo, limitar as competências do parlamento regional e marcar eleições num prazo de seis meses.
Estas foram as principais medidas de aplicação do artigo 155.º da Constituição espanhola para repor a legalidade na Catalunha que agora têm de ser aprovadas pelo senado (câmara alta), muito provavelmente na próxima sexta-feira, 27 de outubro.
O presidente do executivo autónomo, Carles Puigdemont, terá até esse dia a possibilidade de contestar as decisões avançadas, podendo ir pessoalmente a Madrid para o fazer, enviar a documentação necessária que estime ser conveniente ou enviar um representante.
As medidas foram apresentadas pelo primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, numa conferência de imprensa em Madrid na presença de todo o Governo espanhol.
Madrid propõe o afastamento do atual presidente catalão, Carles Puigdemont, e do seu gabinete, com as suas responsabilidades a passarem a ser assumidas pelos respetivos ministérios setoriais em Madrid.
O Governo de Madrid aplica o artigo 155.º da Constituição espanhola, mas Rajoy realçou que a autonomia catalã "não é suspensa" e o parlamento regional continua a funcionar até à marcação das eleições regionais.
"O objetivo é celebrar eleições e abrir uma nova etapa" na Catalunha, resumiu Mariano Rajoy.
Todas as medidas foram previamente negociadas com o segundo maior partido espanhol, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que lidera a oposição ao Partido Popular (PP) e também com o Cidadãos (centro). O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, apelou hoje para que as empresas e os depósitos bancários deixem de sair da Catalunha, assegurando que a situação na região de vai normalizar.
O presidente do Governo Catalão, Carles Puigdemont, responde hoje às 21:00 (20:00 de Lisboa), numa intervenção televisiva, à intenção anunciada hoje por Madrid de o destituir, assim como a todo o seu executivo.
A Generalitat organizou e realizou em 01 de outubro último um referendo de autodeterminação, que foi considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional, que também recusou todo o processo que levou à consulta popular.
Segundo o Governo regional, o "sim" à independência ganhou com 90% dos votos dos 43% dos eleitores que foram votar, tendo aqueles que não concordam com a independência da região boicotado a ida às urnas.