Perseguidos pelos budistas birmaneses e agora pelas tempestades. Os refugiados de minoria muçulmana de Myanmar no Bangladesh enfrentaram o Ciclone Mora. As fotografias são de Mohammad Ponir Hossain.
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São castigados por acreditarem em algo diferente. Há quem diga que é o povo mais perseguido do mundo. Fogem, agarrados ao seu credo e à vida, que teima em vacilar na corda bamba. Os Rohingya são uma minoria muçulmana que vive encurralada no norte de Myanmar, a antiga Birmânia, um país budista que não reconhece os Rohingya. As Nações Unidas referem-se a eles como alguém "sem amigos e sem terra". Muitos fogem pelo mar, outros furam fronteiras. Bangladesh, Malásia e Tailândia são algumas das metas.
A esperança com a chegada ao poder de Aung San Suu Kyi, Nobel da Paz, esvaneceu-se rapidamente. A limpeza étnica continua. As mortes, os assédios, a perseguição, as fugas. Suu Kyi recusou essa realidade, a ONU diz ser a verdade.
"Não penso que esteja a decorrer uma limpeza étnica", disse à BBC Suu Kyi há dois meses (aqui citado no The Guardian). "Eu penso que limpeza étnica é uma expressão muito forte para o que está a acontecer."
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Vivem sem condições, não há dignidade. E são perseguidos. Por todos, até pelos ventos furiosos que inventaram o Ciclone Mora, que devastou campos de refugiados dos Rohingya no Bangladesh, na terça-feira. As autoridades, conta o New York Times, tiveram de evacuar quase meio milhão de pessoas nos distritos de Cox's Bazar e Chittagong.
Segundo o NYT, mais de 17 mil casas foram destruídas e outras 35 mil afetadas na fronteira do distrito de Cox's Bazar, onde a maioria da minoria em questão naquele país vive. O balanço há 48 horas falava em quatro mortos e mais de 60 feridos
"A tempestade era realmente assustadora", disse ao NYT Rasel Uddin, um elemento do gabinete de estatística daquela região mais afetada. A tempestade assusta. O amanhã, idem.