A decisão da primeira-ministra já tinha sido divulgada e foi agora confirmada por Theresa May.
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A primeira-ministra britânica confirmou que vai adiar a votação do acordo do Brexit "por tempo indefinido" por saber que o documento seria chumbado, segundo revelou em declarações no Parlamento britânico.
A decisão terá sido tomada esta manhã numa reunião de emergência por videochamada com os membros do governo. May antecipou uma derrota expressiva na votação que esta terça-feira teria lugar na Câmara dos Comuns do parlamento britânico e decidiu dirigir-se aos deputados britânicos.
"Escutei com muita atenção ao que se disse nesta câmara e fora", afirmou, perante risos dos deputados, acrescentando que, mesmo existindo apoio a grande parte do texto, a solução para a Irlanda do Norte causou muitas objeções.
Theresa May falou aos deputados no dia em que se devia realizar o quarto de cinco dias de debate que deveriam culminar numa votação, esta terça-feira, sobre o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia e as relações de ambas as partes.
O Tribunal de Justiça da União Europeia declarou, esta segunda-feira, que o Reino Unido pode reverter a decisão de abandonar o bloco europeu unilateralmente , sem consultar os outros Estados-membros.
"O Reino Unido é livre de revogar unilateralmente a notificação da sua intenção de abandonar a União Europeia", lê-se na sentença.
Esta decisão vem confirmar aquilo que havia sido dito pelo advogado-geral do Tribunal de Justiça da União Europeia, na última semana.
O caso foi levado à Justiça por contestatários do Brexit na Escócia, tendo recebido forte oposição do Governo britânico, que alegava que este deveria ser julgado primeiro no Supremo Tribunal de Londres, antes de seguir para Justiça Europeia. O processo será agora enviado de volta ao tribunal superior da Escócia, em Edimburgo, para uma decisão final.
Uma "patetice cobarde"
A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, considera que a decisão de adiar a decisão é um "ato de patetice cobarde".
"O acordo da primeira-ministra deve chegar imediatamente ao Parlamento do Reino Unido, para que possa ser rejeitado e possamos substituir o caos do partido Conservador por uma solução que proteja empregos, padrões de vida e o lugar da Escócia na Europa", defendeu, citada pela Reuters.
"O acordo para o Brexit de May é tão desastroso que ela tomou a medida desesperada de adiar a sua própria votação", condenou por sua vez Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, da oposição.
"Não temos um Governo em funções", ironizou, em declarações à Sky News, "enquanto Theresa May continua a afundar o Brexit, os nossos serviços públicos estão à beira da rutura e as nossas comunidades sofrem com a falta de investimento."
O prazo-limite para a saída do Reino Unido da União Europeia é 29 de março de 2019.