O espumante Pet-erna, elaborado de forma ancestral com uvas 100% Alvarinho e a menor intervenção possível, reflete a ousadia de Carlos Codesso, produtor em Melgaço da marca Dona Paterna.
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A paixão de Carlos Codesso pela viticultura nasceu em 1974, quando foi incentivado pelo pai Manuel Francisco a plantar vinhas da casta Alvarinho.
"Foram das primeiras vinhas contínuas de Alvarinho em Melgaço. Comecei a produzir vinho, como lavrador, na altura nas designadas adegas de garagem, e a participar em concursos de vinho, recebendo algumas distinções", recorda o produtor.
Em 1990, fruto do contacto com a vinha, cultivo de videiras, conhecimento do "terroir" e experiência na vinificação, criou, em 1990, a marca Dona Paterna.
A relação entre o vinho e o território onde se insere, a sub-região Monção e Melgaço, o respeito pelo meio ambiente, bem como a aposta na tecnologia, permite apresentar hoje diferentes perfis de Alvarinho Dona Paterna de elevada qualidade, entre vinhos de outras castas, espumantes e aguardentes. A prova está na conquista de inúmeros prémios.
Uma das últimas distinções - medalha de ouro - foi atribuída no 6.º Concurso Internacional de Espumantes Brut Experience, em prova cega, ao Dona Paterna 2019 Espumante Bruto 100% Alvarinho.
Na linha de constante inovação adotada por este produtor do alto Minho, inseriram-se o lançamento, em parceria com a gelataria artesanal Doppo, de um sorvete de espumante bruto 100% Alvarinho e de um Rosé de Alvarinho e Vinhão. Mais dois produtos com o objetivo de promover o vinho Alvarinho e captar novos públicos.
Processo artesanal
Na adega da Quinta da Carvalheira, em Paderne, a curta distância de Melgaço, foi elaborado o Pet-erna, uma das mais recentes apostas da marca Dona Paterna.
"É um vinho ousado e saboroso para abrir novos horizontes", garante Carlos Codesso.
É um vinho espumante natural, designado como "pét-nat" (abreviatura de Péttilant Naturel), e que sofre a menor intervenção possível, sem qualquer tipo de adições. O processo de fermentação é conduzido de forma natural, como nos primórdios da criação do espumante.
Ao contrário do espumante tradicional, o "pét-nat" não tem adição de sulfitos e de conservantes, assim como não passa pelo processo de filtragem, do chamado "dégorgement" ou adição de açúcar.
A fermentação é concluída na garrafa, vedada com uma cápsula metálica.
Um método que exige uma enorme precisão do produtor, uma vez que "é necessário engarrafar no momento certo, antes de todo o açúcar ser consumido. A fermentação é depois finalizada na garrafa, libertando o "gás" natural que lhe é tão particular", explica o produtor de Melgaço.
O Pet-erna, com um teor alcoólico de 12%, apresenta-se mais turvo do que o espumante, consequência do sedimento natural, e com sabores mais complexos. Acompanha na perfeição assados e grelhados.
Um vinho original, uma criação "fora da caixa" de um produtor apaixonado pela sub-região mais setentrional dos Vinhos Verdes e em especial pela casta Alvarinho.