Após 332 anos a produzir e comercializar, unicamente, Vinho do Porto, o grupo The Fladgate Partnership já possui 250 hectares de vinhas nas regiões dos Verdes, Bairrada, Dão e Douro. Os vinhos de mesas são forte aposta, focada na internacionalização
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A Fladgate Still & Sparkling é a recém-criada divisão daquele grupo e que resulta da aquisição, no final de 2023, das propriedades na posse da Ideal Drinks (Verdes, Dão e Bairrada) e, em março deste ano, da Quinta do Portal (Douro).
Um património valioso, que permite traçar novas diretrizes e reforçar a aposta no enoturismo, quando as vendas de Vinho do Porto estão em fase descendente, à exceção das categorias especiais (vintages, very very old, tawny de 20,30, 40 ou 50 anos), com resultados que permitem de algum modo contrabalançar as perdas nos segmentos mais correntes.
"Uma subida que representa hoje cerca de 25 por cento do total de vendas, quando há 25 anos era de apenas 17 por cento Em termos de valor é mais de 50 por cento o peso destas categorias especiais", refere Adrian Bridge, CEO do grupo.
A Taylor’s, criada em 1692, é a empresa fundadora do grupo que hoje integra a Croft e a Fonseca, casas emblemáticas do Vinho do Porto, que exportam para 103 países.
Com as vendas de Vinho do Porto a representarem dois terços do volume que atingiam há 25 anos, a nova aposta do grupo Fladgate proprietário do hotel vínico The Yeatman, faz sentido quando a evolução do turismo é traduzida num expressivo acréscimo de visitantes.
Outro aspeto relevante prende-se com a necessidade, no Douro, de aproveitar toda a produção de uvas para Vinho do Porto tendo como objetivo as referidas categorias principais. Desse modo, nada sobra para elaborar vinhos de mesa, facto que acabou por estar na base do negócio concretizado em agosto do ano passado, em plena época das vindimas, entre a Fladgate e Carlos Dias, proprietário da Ideal Drinks e empresário português de reconhecido sucesso além-fronteiras.
"Encontrámos a solução", recorda Adrian Bridge, empenhado neste «projeto apontado à internacionalização com o objetivo de promover vinhos de mesa de elevada qualidade».
Vinhos para mostrar ao Mundo
Para concretizar tal desiderato, a fasquia da exportação está fixada em 94 por cento, ou seja, uma aposta em sentido contrário ao da Ideal Drinks, que concentrava no mercado doméstico, praticamente (97 por cento) todas as suas vendas.
"Com Vinho do Porto, espumantes, vinhos de mesa, moscatel, temos uma gama completa para apresentar ao mundo", sublinha aquele responsável.
A reestruturação passa pelo reajustamento da gama e dos preços, uma vez que a exportação já representa mais de 20 por cento, esperando que seja atingida até final do ano a meta dos 30 por cento.
O solstício de verão foi o momento escolhido para apresentar e provar os novos vinhos, com vários perfis, mas com um denominador comum: a elevada qualidade.
Graça da Pedra com a identidade do Alvarinho
A Quinta da Pedra é uma histórica propriedade do Alto Minho datada do século XVII foi o magnífico cenário escolhido para a divulgação das novidades. Localizada em plena sub-região de Monção e Melgaço tem uma área de 30 hectares de vinhas de sequeiro.
Os vinhos Alvarinho – Milagres 2019; Milagres Purple Edition 2016 (edições limitadas de colheitas mais antigas) e Graça da Pedra 2022, um vinho jovem, sem madeira, com muita frescura e aromas típicos da casta - foi o primeiro produzido pela Fladgate –, a lançar no mercado seis a nove meses após a vindima, são o portefólio desta quinta.
O Paço de Palmeira, nos arredores de Braga, frente ao rio Cávado, projetado para ser residência do arcebispo da capital do Minho, possui 24 hectares de vinhas da casta Loureiro.
As referências Eminência (produção nos melhores anos e em quantidades limitadas) e Royal Palmeira são elaboradas com aquela casta.
Grand Bella nos melhores anos
A Quinta da Bella, no Dão, tem 50 hectares, dos quais 23 são de vinha de sequeiro, plantada em 1999 a 380 metros de altitude, tem elevada densidade de produção (6250 pés/hectare).
O Dom Bela vai passar a ter a designação Grand Bella com o estatuto de topo de gama a ser lançado apenas em anos excecionais.
A gama Bella simplificada é incorporada pelas referências Élégance: são vinhos monovarietais, praticamente sem madeira, das castas Sauvignon Blanc, Pinot Noir Touriga Nacional, Cabernet Franc e Rosé de Pinot Noir.
O topo de gama é o Grande Reserva 2013.
Principal é nova marca na Bairrada
A Quinta Colinas de S. Lourenço, na Bairrada, localiza-se na faixa calcária daquela região.
Nos 61 hectares de área, há vinhas de várias castas e a produção de uvas de grande qualidade é o objetivo para elaboração de vinhos da nova marca Principal, em que sobressai o magnífico Grande Reserva Tinto 2012. Um grande vinho produzido com Touriga Nacional (50%), Cabernet Sauvignon (40%) e Merlot (10%).
Outras referências da gama Principal. Grande Reserva Branco 2016 e Rosé Tête de Cuvée Pinot Noir 2020.
O Calcário3 de Principal é outra das novas marcas agora lançadas.
As uvas das castas Chardonnay e Pinot Noir são destinadas à produção, segundo o método tradicional, dos espumantes Colinas.
O portefólio atual inclui os Cuvée Blanc de Blancs Reserve 2019; Rosé de Pinots Brut Reserve 2017 e Reserve Brut Nature, um 100% Chardonnay.
A gama S. Lourenço mantém-se com o objetivo de’ mostra’ a Bairrada.
A equipa de enologia das três empresas sob o ‘chapéu’ da Fladgate Still & Sparkling Wines é integrada por Márcia Gonçalves (enóloga residente da Quinta da Pedra), José Maria Machado (Dão e Verdes) e Stéphane Point (Bairrada), mantendo-se igualmente a consultoria de Pascal Chatonnet.
