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Estamos num lugar muito especial, que faz parte do produtor de vinhos da Madeira Blandy’s. Em boa hora chegaram a entendimento com Nélio Ferreira, um dos mais notáveis profissionais da restauração da Madeira. Está neste momento à frente deste reduto distintivo: o 1811 Bistrô. O espaço alberga pouco mais de vinte comensais. O nível culinário é extraordinário. E há que reservar com antecedência para garantir mesa.
Processa-se, por exemplo, um foie gras com compota de damasco que em nada fica atrás de um três estrelas Michelin. Nélio Ferreira é também escanção de mão cheia e sabe recomendar o vinho certo para acompanhar esta maravilha. Outra entrada de rasgo é o tártaro de salmão marinado e manga, repleto de nuances de sabor. E serve-se aqui a clássica quiche Lorraine, há um tempo a mais simples e a mais sublime tarte salgada do universo pantagruélico.
Nas entradas quentes contamos com lulas salteadas em manteiga de alho e ervas, prato encantador a que ninguém resiste. Fazem-se pataniscas de bacalhau belíssimas, crocantes e cheias de sabor que encabeçam a lista das minhas melhores pataniscas de sempre. Deliciosas são também as lâminas de fígado de vitela 1811, de comer e chorar por mais.
Os pratos de peixe contam com dois grandes trunfos. Peixe-espada em crosta de broa e amêndoa, matéria-prima de primeira pescada nas águas da ilha e aprimorada com sofisticação nos temperos e processamento no forno. E camarão tigre à provençal, o marisco bem tratado, salteado em manteiga e ervas aromáticas.
Nos pratos de carne contamos com o famoso tornedó Rossini, feito com foie gras e trufa. Maravilha, encontrarmos estes clássicos internacionais tão bem confecionados. O carré de cordeiro assado é feito com esmero e servido com garbo. E o arroz de pato 1811 é um dos muitos orgulhos deste bistrô. É ele também um clássico, difícil de superar. A grelha está sempre em funções e dá-nos glórias como o T-bone com molho béarnais, peça primorosamente tratada. As plumas do cachaço de porco ibérico são suculentas e configuram guloseima irresistível. E as costeletas de borrego recém-tratamento de luxo.
No capítulo doceiro encontramos uma luxuosa tarte tatin de maçã com gelado de baunilha, peça dos anais da alta pastelaria que aqui encontra suave e sápida interpretação. O crème brulée segue caminho semelhante. E o fondant de chocolate é perfeito. Assim como perfeito é Nélio Ferreira no seu posto. Governa uma das grandes mesas do Funchal.