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Aqui no restaurante À do Fernando, estamos praticamente com os pés na água da mágica Ria Formosa, em Olhão. Impera o produto marítimo e pontificam as brasas, que clamam pela sequência de peças de carne e peixe, para nosso bel-prazer. O sítio tem inegável registo familiar, mais informal era impossível. Está por isso em oposição de fase com o que se diz do Algarve estritamente turístico.
Começa-se, por exemplo, por uma deliciosa entrada de queijo de vaca e ovelha com doce de abóbora. Compota caseira com finas fatias de queijos curados, a espevitar a gula. Há conquilhas e lingueirão para preparar à Bulhão Pato, separadamente e com o mesmo sentido do gosto. Também há camarões al ajillo, proposta ibérica de conforto inigualável. Os filetes de cavala são maravilhosos, apresentados em cebolada rica e sápida. Preferindo contenção calórica, o melão com presunto é excelente alternativa.
O peixe grelhado é de gabarito, tanto pela origem como pela forma minimalista como é emprestado às sábias brasas. Carapaus, robalos, douradas e lulas crepitam copiosamente, aumentando em nós a ansiedade. Não há melhor recompensa, especialmente quando a canícula se faz sentir, com um jarrinho de vinho branco bem gelado. De vez em quando há pregado e linguado de bitolas maiores, o que aumenta a nossa satisfação e a sensação de tratamento de luxo. É bom estar aqui. Há que perguntar quais são os pratos do dia. Pode ser que haja feijoada de polvo com arroz branco, genial e absolutamente imperdível.
Nos pratos de carne, mantém-se o registo de excelência na matéria-prima e a ciência no trabalho das brasas. Há picanha grelhada ótima. As plumas de porco ibérico são trabalhadas como autênticas joias preciosas. Faz-se um entrecôte fatiado na tábua que dá bem para partilhar com mais pessoas. Isto para não falar do excelente T-bone, aquele corte que é vazia de um lado e fillet mignon do outro. Delícia garantida.
Para os mais novos ou para os estômagos mais sensíveis, há bifes de frango com ou sem ovo, acompanhados de batatas fritas e verduras. Sabe bem para terminar uma boa fatia de melancia. Além de suculenta, é uma boa forma de ingerir líquidos e combater a desidratação.
Claro que há fruta da época e claro que há doces de recorte caseiro que sabem sempre bem. Além dos doces tipicamente algarvios. Desta casa, ficamos clientes desde a primeira garfada e sabemos que vamos voltar muitas vezes. O Algarve precisa de mais casas assim.