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Fundada em 1978 no coração de Matosinhos, esta marisqueira, propriedade de Miguel Faria, é um exemplo para todo o país. Conseguiu paulatinamente convencer o país inteiro das suas muitas virtudes, sobretudo por congregar uma clientela diversificada nas suas mesas e por nelas colocar a excelência do melhor produto marítimo. Há sempre ostras fresquíssimas a dar-nos as boas vindas e provei aqui mesmo as melhores canilhas e cavacos da minha vida. E ficou-me para sempre na memória a melhor preparação de camarão al ajillo de que tenho memória. Mas há mais, muito mais para explorar para quem é dado ao debulhe marisqueiro.
O tema justifica-se plenamente pela exuberância de alguns pratos quentes. Falo de um creme de marisco cremoso e rico, de frescura a toda a prova, e também de uma sopa de peixe que gostaria de encontrar com este nível noutras casas. É brilhante e muito saborosa a açorda de marisco que a fantástica cozinha da casa prepara e muito delicada a omelete de marisco, feita com o maior requinte. Gosto muito do arroz de lavagante desta marisqueira, é prato de tacho para explorar devagar em boa companhia e com um bom vinho branco.
A garrafeira da casa tem excelentes propostas para a contenda. A oferta de peixe é copiosa e não hesito em destacar o bom robalo com arroz de ameijoas. Aqui é um dos raros locais onde me sinto à vontade para me abalançar a uma cabeça de pescada cozida. É pitéu excelente e dá de comer a toda uma mesa. À mão, obviamente. Os linguadinhos fritos com salada russa são ex libris da casa e são apresentados com requinte. E foi aqui mesmo que comi o melhor rodovalho grelhado de toda a minha existência. Sabor, textura e cuidado excelso na preparação.
É nas marisqueiras que encontramos autênticas pérolas no domínio das carnes e esta não é excepção. Há um bife rolha do lombo de irrepreensível tenrura. Faz-se um excelente rosbife à inglesa, que comemos morno ou frio mas sempre cheio de sabor. Merece particular atenção a costela mendinha assada que as sábias brasas produzem. E há tripas à portuguesa que vão de encontro ao que intimamente desejamos para coroar a refeição.
Termna-se de forma mais doce com uma excelente tarte de amêndoa. Apetecendo, há boas trouxas de ovos. É copioso o pão de ló de ovos moles e encerra com chave de ouro a refeição. Mas também se pode optar pela simples e igualmente boa mousse de chocolate. Sai-se sempre mais feliz do que se entrou, neste lugar de Matosinhos.