Corpo do artigo
Fica na movimentada rua de Cedofeita, no Porto, este reduto de paz e bem-estar. Partilha a morada com uma das mais elegantes operações de turismo em plena cidade invicta e é destino gastronómico incontornável para quem busca o melhor de dois mundos, conforto e novidade. O telúrico casal Fernanda e Jorge Santos surpreende-nos sempre com a sua desinstalação e capacidade empreendedora. Elisabete Pinto, conhecida como chef Bekas, e Ricardo Gonçalves, virtuoso chef pasteleiro, animam com as suas criações este lugar. Sempre que me sento aqui imagino-me teleportado para Londres ou Paris. Atmosfera cosmopolita, num nível de oferta ainda invulgar entre nós.
Entradas maravilhosas ao nosso dispor, a começar pelo brilhante salmão braseado, molho de laranja e picles de pepino, desafio para o palato e início de refeição equilibrado e saboroso. Também se faz uma entrada de vieira, coco e maçã verde, tão inesperada quanto surpreendente. Divertido o rissol maxi de alheira e azeitona, aromas e sabores nortenhos que encontram eco de agrado junto de visitantes estrangeiros. Sou fã dos croquetes de ossobuco com maionese de alho negro, solução particularmente feliz de uma abordagem pouco vulgar.
Nos peixes, há felicidade à nossa espera. É fantástica a açorda de camarão, coentros e gema tostada, portugalidade marítima muito assumida e cheia de sabor. Há um atum com legumes e molho fresco de grande equilíbrio na boca, a configurar desafio interessante. O brás de bacalhau com espinafre fresco não podia faltar e até tem novidade e desafio tanto para quem conhece o prato, como para quem está a conviver com ele pela primeira vez. E há um risoto de tamboril e camarão repleto de charme e sedução, que vai seguramente encantar.
Chegamos aos pratos de carne e a festa da diversidade continua. Tenra e sápida aba de novilho com risoto de parmesão abre a lista dos meus favoritos. Há um ambiente agradável entre a peça gulosa de vitela cozinhada a baixa temperatura e o risoto cremoso que faz com que tudo flua na perfeição. Gosto muito da coxa de galinha do campo e cenoura glaceada, há um cuidado grande de equilíbrio de temperos. E é absolutamente clássico o magret de pato com legumes e citrinos.
Para terminar em modo doce, aconselho o duo de mousses de chocolate 70% e 53%, o mix chocolateiro a estimular o palato pelo jogo de texturas. É solução infalível a goiaba e queijo, sobremesa evocativa do sempre apetecível Romeu e Julieta. E há um tiramisu que nos eleva ao céu. Se reservou quarto fez muito bem, é no céu que vai dormir.