Corpo do artigo
A Terceira é ilha de muitos prazeres e saberes, além de berço de grandes famílias portuguesas. O restaurante Caneta assenta justamente no prodigioso reduto da família e com cerca de vinte anos de história cumprida foi já muito a que chegou. Começaram em 1998, com um modesto snack-bar, mas que logo colheu impressões muito positivas. Tanto que no ano seguinte evoluíram para um espaço de esplanada e em 2000 abrem a primeira sala de restaurante, no primeiro andar.
As entradas são diversas e todas de perfil petisqueiro. Lapas grelhadas são um bom começo. A alcatra de picadinho é irresistível e é forma muito válida de inaugurar a refeição. A uma boa morcela açoriana ninguém resiste. Nem à maravilhosa salsicha fumada que a casa produz, a partir de novilho Angus dos Açores.
A secção de pratos de peixe não é extensa, mas é muito válida. A casa trabalha com bacalhau de excelente qualidade, processado na forma grelhada ou frita. Há maravilhosas lulas grelhadas e há polvo dos Açores para guisar ou grelhar.
Entramos nas carnes e outras portas se abrem. A produção de carne de bovino é assunto muito sério em terras açorianas e logo à cabeça temos a delícia com que todos sonhamos. Alcatra à açoriana, um dos assados mais sublimes do universo. Tenríssimo, bem apaladado, é de devorar. A costeleta à casa é toda uma iluminação e aqui é apresentado com a assessoria de acompanhamentos que quisermos. A espetada Caneta é feita a partir de fillet mignon Angus de criação local e sabe sempre bem, além de dar para partilhar.
O prato típico da região congrega várias especialidades e congrega torresmos, linguiça, morcela e molho de fígado. É uma maravilha, amiga de bom vinho açoriano, a casa tem boa garrafeira. Há iscas de fígado com cebolada, feitas com o toque caseiro da boa tradição. A língua estufada sai deliciosa da cozinha e é mais uma forma de aquilatar a qualidade do trabalho culinário desta grande casa atlântica. Haverá apenas que vencer o preconceito que muitas vezes existe quanto à peça mole e esponjosa de que a língua é feita. É muito boa a mão de vaca do Caneta, processada como a gente gosta, gostosa como a gente merece.
Como sobremesa, deixe-se seduzir pela especialíssima mousse de queijo de cabra fresco com frutos vermelhos e amêndoa caramelizada. Produção exclusiva desta grande casa, feita pináculo de prazer doceiro. Uma joia incrustada no meio do Oceano Atlântico, este Caneta.