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O restaurante Forno d’Oro, propriedade do chef nepalês Tanka Sapkota, é um lugar especial de Lisboa. Acompanhei de perto a obra de alvenaria que veio a instalar o forno a lenha em que as pizzas e outros pratos são preparados. Forrado a pastilha dourada, é o elemento dominante na bonita e aconchegante casa. O chef Tanka Sapkota faz sempre tudo bem feito e vai à essência das coisas, jamais se fica pela rama.
A massa das pizzas que saem do forno é fermentada ao longo de 36 horas e o sabor é muito especial. Mas, comecemos pelo princípio. A focaccia é deliciosa e é servida com azeite virgem extra, vinagre balsâmico de Modena e sal dos Himalaias. A bruschetta segue a mesma linha purista e leva tomate e manjericão por cima. Há excelente burrata com azeite e pimenta-preta, que nos coloca logo num plano elevado. Produto fresco e preparação gloriosa. Há finas fatias de presunto culatello di Zibello para degustar com um bom vinho branco ou uma das muitas cervejas italianas de que a casa dispõe.
Está em destaque nesta estação a pizza fichi, prosciutto e gorgonzola, feita com figos biológicos, presunto de porco ibérico e queijo gorgonzola. Combinação sublime de sabores. Gosto muito da pizza transumância, feita com tomate de San Marzano, fior di latte, túbaras do Alentejo, queijo Serra da Estrela e presunto de porco ibérico. Se nunca provou, tem de provar, é toda uma grande instrução.
Estas pizzas fazem parte de um elenco a que o chef Sapkota chama Alma Lusitana e tem os nossos sabores ancestrais. Numa vertente mais italiana, mas igualmente saborosa, aconselho a quatro formaggi que, como o nome indica, é feita com quatro queijos identificáveis. Fior di latte, gorgonzola, provola fumado e Parmigiano Reggiano de 24 meses. Tem o mesmo nome que encontramos frequentemente nos restaurantes italianos que frequentamos, mas só aqui tem este toque exótico, cheio de sabor.
Também sou fã da pizza caponata, que leva tomate San Marzano, fior di Latte, mozzarella di búfala, alcaparras, queijo provola fumado e beringelas salteadas. Mas há todo um mundo novo para desbravar nos pratos de massa italiana. Impossível não ficar viciado com os gnocchi alla sorrentina. Massa de batata com mozarela de búfala, molho de tomate caseiro, manjericão e queijo Parmigiano Reggiano de 24 meses de cura. E encanta-me o spaghetti con vongole veraci dell’Algarve. A massa é feita com amêijoa boa do Algarve e vinho branco.
Termine a refeição com o fantástico tiramisu, um dos melhores em todo o país. E volte muitas vezes.