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Cintia e Joachim Koerper são a dupla imbatível que está por detrás do restaurante gastronómico da Herdade da Malhadinha Nova. Projeto muito ambicioso que os anos têm confirmado vastamente e que continua a crescer e a consolidar-se graças à dedicação total da família Soares. Basta um dia na Malhadinha para perceber o trabalho hercúleo que ali foi desenvolvido.
Sentamo-nos a uma das bonitas mesas deste local de luz e amor e deixamos que o resto aconteça. O chef Joachim Koerper é alemão e detém uma estrela Michelin no restaurante Eleven, em Lisboa. Cintia é brasileira e trabalha desde sempre em alta pastelaria. Juntos desenvolvem um trabalho notável, que nos alimenta a alma. Faz-nos acreditar num mundo melhor. Uma refeição aqui é, por isso, inesquecível.
A etapa inicial é composta por pão de massa mãe artesanal, conjugada com manteiga com flor de sal de Castro Marim, presunto pata negra e queijo Serpa. Apetece explorar devagar para prolongar o prazer. Mas há uma entrada à nossa espera que configura prato vegetariano, constando de ovo bio crocante e texturas de ervilha torta. Todo um tratado. Também há carpaccio de carabineiro do Algarve com ananás dos Açores e lima caviar, explosão de sabores, intensidade a toda a prova. E faz-se um maravilhoso tártaro de novilho alentejano, assessorado por hortofrutícolas de produção própria.
Nos pratos de peixe destaco claramente o arroz de mariscos e tamboril, exuberante na técnica e fascinante no palato. Chamo a atenção para o luxo que é ter peixe fresco de pesca sustentável, orlado por alho-francês, molho branco e plâncton marinho. Como num sonho lindo.
Entretanto, já se abriu um vinho branco da Malhadinha, bem sugerido e preparado pelo escanção.
Na secção dos pratos de carne, encontramos uma versão genial da carne de porco à alentejana. É composta por presa de porco ibérico, amêijoas, batata confitada e emulsão Bulhão Pato e cria uma atmosfera de grande elegância na boca. Faz-se também um bife Wellington com vegetais bio e um molho de vinho tinto de gabarito. Tudo perfeito.
As sobremesas são quintessenciais. É brilhante a mousse de mel, sponge cake de azeite, gel de eucalipto, pinhão fumado e hortelã da ribeira. Belisco-me para garantir que não estou a sonhar. E é de cortar a respiração a mousse de arroz-doce, esfera de doce de ovos e penas de chocolate branco, numa oferta sugestivamente chamada de “o nosso ovo”. Claro que saímos devagar para ter a sensação de que ficamos. Porque queremos ficar.