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Tem mais de 75 anos de história O Laranjeira, em Viana do Castelo, sempre na mesma família. Privei de muito perto com José Laranjeira, que nos deixou em 2019. Os filhos Helena e Pedro deram boa sequência aos negócios e, em particular, ao restaurante. Hoje é Pedro, o mais novo, que gere a casa com paixão e sentido de missão.
Começamos com o salutar e revigorante mix 2+2+2, que consta de um par de bolinhos de bacalhau deliciosos, excelentes rissóis de camarão e crocantes chamuças. Gosto muito da sopa de peixe do Laranjeira, está sempre no meu coração e memória. Produz-se um petisco de esfera de alheira com queijo e marmelada que funciona bem, pela alternância de sabores e texturas que proporciona. Há uma salada de tomate e mozarela de búfala que configura a italiana caprese e resulta muito bem. E há deliciosas gambas al ajillo, feitas como a gente gosta, é entrada que sabe sempre bem.
Os pratos de peixe são reveladores de uma certa mundanidade, assentes em produto de gabarito, fresquíssimo. Há que perguntar qual é o peixe do dia, é a lota que dita a oferta e é sempre escolha acertada. Sou fã dos filetes de pescada com salada russa, evocam tempos mágicos de outrora que aqui vivi. Há sempre bom bacalhau à posta, todos os dias aplicado numa receita diferente. O polvo na caçarola é muito especial e é servido com batata a murro, cenoura cozida e grelos. E faz-se uma massa fettucine de gambas e açafrão que é de conferir.
No capítulo vegetariano, há uma proposta a que é de atender. Trata-se de caril de legumes com arroz selvagem que é belíssimo.
Nos pratos de carne, encontramos grandes trunfos. É da região a carne cachena, deliciosa e suculenta, que se empresta às brasas e nos encanta. Vem com batata frita e sabe pela vida. O cabritinho assado com batatinha e grelos salteados é um dos ex-libris da casa. Vem diretamente do Olimpo para nos satisfazer e dar o máximo prazer. Também é excelente a perna de pato confitada com puré de batata e legumes.
Para terminar a refeição na forma doce, convoca-se o clássico carrinho de sobremesas. Leite-creme queimado no momento, tarte de limão merengada e aletria são as minhas recomendações, mas há muito mais por onde escolher. Se estiver em toada mais salgada do que doce, pode optar por bom queijo curado e marmelada caseira. É o célebre Romeu e Julieta, perante o qual português algum se faz rogado. Sempre que saio do mítico Laranjeira, constrange-me a saudade. Mas sei que está tudo bem nesta casa cheia de futuro.