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Estamos longe da Mealhada, de Negrais e da Boavista, os três grandes pontos de abastecimento do maravilhoso leitão assado. Prende o coração a qualquer português, esteja onde estiver, e aqui junto à muralha de Évora está aquartelada uma operação feliz em torno da iguaria. O sucesso foi retumbante, os eborenses renderam-se deliciados e os muitos passantes rapidamente se deixaram seduzir pelo pitéu.
Nuno Quintino é um dos responsáveis pelo Parque dos Leitões e não tem mãos a medir. E não se fica pelo leitão. Entre as entradas e petiscos temos saladinha de pimentos assados, por exemplo. E mais boas surpresas vêm facilmente ter connosco. Paio de porco ibérico. Torresmos do rissol. Croquetes de leitão maravilhosos. E queijo assado com orégãos de comer e chorar por mais. Vem-se principalmente pelo leitão, mas há muito mais.
Produz-se um bacalhau frito à Parque com batata frita fortemente inspirado no bacalhau à Braga, excelente. Há polvo à lagareiro com batata a murro, copioso no azeite e alho como se deseja. Temos ao dispor um gracioso e apaladado filete de tamboril frito. E podemos sempre contar com uma deliciosa e cremosa açorda de ovas de bacalhau com filetes de peixe-galo. Claro que há leitão e aqui está ele, assado em forno a lenha e inteiramente disponível. Encomendando, dá para levar para casa: meio leitão ou inteiro, cortado a preceito e pronto a consumir no lar.
Faz-se aqui migas de espargos com secretos de porco ibérico que ficam na memória. Ciência e tarimba semelhante têm as costeletas de borrego com esparregado, pequeninas e suculentas como a gente gosta. As incontornáveis bochechas de porco ibérico assadas marcam presença em versão muito gostosa e o arroz de pato é altamente recomendável. O ideal é ir com companhia que aprecie e mesa lenta, assessorada por bons vinhos alentejanos e não só.
Nuno Quintino tem o gosto apurado e sabe surpreender com boas propostas de harmonização. Podemos confiar que somos muito bem tratados. A empreitada pede terminação doce e aqui há boas escolhas. Uma sericaia, de que dispenso o apêndice da ameixa de Elvas, por configurar duas sobremesas e não uma.
A festa de forno e canela merece todo o brilho do mundo e a ligação com vinho corre melhor. Gosto muito do pão de rala, é conventualidade muito bem-vinda e não se encontra com facilidade assim boa como aqui. Não podemos deixar esta fortaleza de bem comer por mãos alheias, temos de aquilatar devidamente as suas muitas riquezas. E viva o leitão assado!