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Coimbra está diferente. De ponto focal de transumâncias estudantis e fixação pelo passado, soube reconfigurar-se e passar a receber de braços bem abertos a novidade e o futuro. Animado pelo chef Dionísio Ferreira, o restaurante Sete alberga a vanguarda gastronómica de que todos precisamos quando visitamos a cidade do conhecimento. Sete inícios possíveis. Sete maneiras de continuar. Sete sugestões vegetarianas. Para além das sete tentações. É assim que a oferta está organizada, são estes os capítulos da ementa, cada um com sete propostas.
Começo pelos sete inícios possíveis, e apresento os meus favoritos. Gosto muito do caldo rico de peixe e mariscos, uma belíssima forma de começar a refeição, proveniências rigorosamente selecionadas da matéria-prima e paladar requintado. O racional que está por detrás desta sopa é de acompanhar a disponibilidade de espécies no mercado. O chef faz uma excelente salada de bacalhau com molho de azeitonas, de louvável acerto de temperos. É brilhante o ovo escalfado com ervilhas, tomate e chouriço de Arganil, perfeição técnica ao serviço do sabor. E há um ótimo salmão com citrinos, molho de iogurte e aneto. Passamos às maneiras de continuar, e encontramos o maravilhoso prato de sardinhas crocantes com arroz de pimentos e cebolinhas. O ambiente da popular sardinhada elevado ao luxo epicurista, impossível não ficar rendido. Gosto muito do salmão corado em ervas aromáticos com cuscuz de tinta de choco, excelente escolha quando se procura contenção nas calorias.
Montagem espetacular e rica em sabores e texturas tem o chambão de borrego em vinho tinto com puré de castanhas. E é invenção gloriosa a empada de leitão da Bairrada com chutney de abacaxi. Das sugestões vegetarianas recomendo especialmente duas. Legumes crocantes com vinagrete Sete, festa de texturas no prato e fusão muito interessante de sabores. E a açorda de cogumelos com bouquet de legumes, que explora de forma inteligente impressões de antigamente, sem a proteína animal a impor-se.
O capítulo para além das tentações é variado em doces recompensas. Destaco o genial bolo de chocolate negro, mousse de chocolate branco e coulis de morango. É delicioso. E detenho-me na panacota de baunilha e molho de manga. Explorar devidamente a ementa requer visitas recorrentes, por isso faça um plano de abordagem às muitas artes de Dionísio Ferreira e deixe-se que o charme gastronómico tome conta de si.