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Aqui, no aquartelamento gastronómico mais frequentado de Bragança, está vivo e bem vivo o melhor reduto da cozinha transmontana. Ana Maria e Desidério Martins são os fundadores e alma do Solar Bragançano, mesmo em frente à Sé. É um dos lugares mais especiais do nosso país para fazer uma refeição. Tudo se passa como se fôssemos convidados de honra num dia especial. Ana Maria é uma grande cozinheira, trabalha com técnicas de sempre, com potes e panelas de ferro e forno a lenha.
A sopa de castanhas é maravilhosa, e vem para a mesa alheira e chouriça de produção própria cujos aromas e sabores se impregnam na nossa alma. O peixe grelhado é sempre fresquíssimo, há quase sempre linguado e dourada para emprestar às sábias brasas. O arroz de marisco é de sabores profundos e autênticos, como se estivéssemos na lota, à beira-mar. Na grelha acontecem grandes glórias, por exemplo o maravilhoso naco de vitela à mirandesa, com os sucos preservados por assadura respeitadora, peça sempre de grande qualidade. Há cabrito de Montesinho, de bem perto do Solar, carne viçosa e apaladada. Também há cordeiro de leite na brasa, uma experiência de grande nível culinário e as fantásticas alheiras feitas e grelhadas por Ana Maria são toda uma experiência. Seguimos para alguns pratos de tacho e encontramos aqui o coelho bravo à monsenhor que é património da casa, estufado perfeito e muito aromático.
O faisão com castanhas é uma delícia e vem bem hidratado para a mesa. Brilhante é a perdiz com uvas e frutos silvestres, autêntica ode à caça que acontece no prato. O arroz de lebre é de antologia, e é por isso mesmo merecedor da maior vénia. E há um javali estufado em pote de ferro que ultrapassa tudo o que podíamos esperar. Consistência perfeita, tenrura a toda a prova. No capítulo doceiro destaco o pudim abade de Baçal, resposta de grande nível ao conhecido pudim do abade de Priscos e muito parecido no prazer de boca que proporciona. O leite-creme é outra doce recompensa, e chamo a atenção para o majestoso bolo de castanha e amêndoa, que Desidério vai ajudar a harmonizar com vinhos que só ele sabe. A garrafeira é vasta e rica. Ricos saímos nós deste templo bragançano, já com a expectativa da próxima visita.