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Estamos na Covilhã, numa empena que nos leva até à Taberna A Laranjinha. Na canícula é fresca, no frio é confortável. É lugar de convívio informal, animado por uma cozinha surpreendente. O meu conselho nesta casa brilhante é que faça a sua escolha de meia dúzia de petiscos para dividir e que, depois, havendo espaço no estômago, logo toma uma decisão quanto à etapa seguinte.
A tábua de queijo e fumeiro é um bom começo. O estaladiço de morcela beirã, com maçã bravo de Esmolfe, cebola caramelizada e creme de salsa apetece logo repetir. São imperdíveis os filetes de truta do Zêzere crocante, a base é de escabeche de cebola roxa e tostas de centeio. Adoro as asinhas de frango caseiro, são irrepreensíveis e vêm com molho agridoce picante. Os nuggets de bacalhau tiram-nos do sério pela novidade e pela explosão de sabores no palato. Vêm com um dip de tomate e malagueta que complementa de forma genial. E há um brás de alheira que não pode deixar passar em branco. Traz azeitonas, pimentos morrones e folhas verdes e é mesmo bom. Só aqui na Laranjinha se encontra este petisco.
Na secção dos clássicos da nossa terra, fica a Covilhã ao rubro e mostra-se sem véus nem disfarces. O pastel de molho da Covilhã, apresentado sobre um caldo de vinagre e açafrão, é um autêntico vira-cabeças. O Bacalhau à Assis é um caso muito sério. O fiel amigo é lascado e servido sobre um brás cremoso de cenoura, pimento, batata e crocante de presunto. Fundamental provar.
Faz-se um prato típico da Covilhã, que dá pelo nome de panela no forno, e é uma generosa combinação de carnes de porco, dobrada e enchidos, acompanhado por arroz perfumado com tomilho serpão e hortelã. Muito raro encontrar esta maravilha fora da Beira Baixa, pelo que há que aproveitar.
Não posso deixar de recomendar o pernil de borrego braseado. Vem com arroz cremoso de cogumelos silvestres e legumes, juntamente com queijo de ovelha de doze meses. Há bifes de autor, recomendo dois. O bife à taberneiro, corte da vazia, molho à cervejeiro, com ovo estrelado, batata frita caseira e salada, é excelente. E a posta de novilho Limousine grelhada e laminada com molho da horta. Duas soluções que satisfazem sempre, temperos muito equilibrados.
Nas doces terminações, a oferta é farta e franca. O bolo de bolacha do chef com molho de café é uma maravilha. O leite-creme de castanha com crumble das mesmas é estratosférico. A maçã gratinada com sabayon de aguardente de zimbro é um vislumbre do próprio céu. Juramos que voltamos e temos de voltar à Laranjinha.