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Este restaurante de Almancil responde pelo nome de Taberna by Lúcia Ribeiro e é visita imperdível para os happy few que vão até ao fim do mundo em busca da diferença. Estamos em plena época estival, que era outrora o tempo em que o turista doméstico tinha de procurar para ser bem tratado e bem alimentado. Com a chef Lúcia Ribeiro, e com tantos outros, há que dizê-lo, esses tempos não existem mais. Neste lugar singelo de Almancil, a empresária e chef aquartelou-se e é indefetível no seu posto. Criou um genuíno demonstrador da cozinha algarvia, colocando o melhor da região ao alcance da tribo gourmet. O arjamolho, que é o gaspacho algarvio, é fresco e intenso. Configura a entrada perfeita. Há ostras ao natural e à Taberna, servidas em doses de seis, de frescura irrepreensível, trabalhadas com requinte e garbo. O petisco pode ser a estratégia mais apetecível para si, se está em boa companhia e a partilha é uma possibilidade real. Maravilhosos carapaus alimados, brilhantemente executados, estão no rol de preferências, a par das deliciosas favinhas à algarvia. As pataniscas de bacalhau são excelentes, execução sublime, impossível não pedir para repetir.
Faz-se um tártaro de vitela maravilhoso, revelador de técnica culinária de gabarito. E o ceviche da chef quase nos transporta para o hemisfério sul onde se pratica a cozedura pela cura ácida. Um sonho. Há vários baos, os pequenos pães brancos de que nos habituámos a gostar. Recomendo o de carapau de escabeche e o de sarrajão, cebola caramelizada e tinta de choco. Um e outro trazem novidade e sabores diferentes, sem abandonar o património culinário mais a sul, onde nos encontramos. A tiborna de muxama, laranja e amêndoa é convite irrecusável para dentro do universo algarvio que nunca mais esquecemos. Claro que há cataplanas e claro que recomendo a de polvo com batata-doce, é excelente para perceber como é tão melhor que a maioria das que se fazem por aí. O berbigão à Bulhão Pato é um pináculo de sabor e é uma forma de comer o meu bivalve favorito. A outra é o xerém de berbigão, aqui brilhantemente executado.
A secção de carnes contém diversas tentações, apetece provar todas. O pernil de borrego é muito bom e é cozinhado devagar, à maneira da cozinha de pastor. Há bochechas de porco estufadas, de bom recorte culinário. E a presa ibérica grelhada é deliciosa.
Dê uma olhada às sobremesas disponíveis. Umas seguem o registo popular, outras são obras-primas da autoria da chef Lúcia. Na sua taberna é que se está bem.