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Na Benedita, no lugar de Frei Domingos, fica este farol culinário que é a Taverna do Baleia, onde somos tratados nas palminhas. A chef Alda Couto tem vocação e jeito invulgares para as artes culinárias. Cozinha como respira e divide as tarefas de gestão com o marido, Fernando Couto, excecional animador da casa. Juntos são o casal magnético que gostamos de imaginar, mas que raramente se encontra.
Aqui o caso é bem real. Para quem vai de Lisboa, não é grande a distância e partindo cedo ainda há tempo para visitar as boas cutelarias que se produzem na região da Benedita. Logo que chegamos, somos encaminhados para a mesa que nos foi destinada. Fernando explica como ninguém o cardápio e respetivas variantes, quando as há.
O prato estrela à segunda-feira é língua de vaca com puré de batata. Curiosamente, o prato com que consegui vencer o meu último demónio à mesa. Vinha da infância a minha aversão à textura esponjosa da língua de bovino, em parte porque não tinha jamais provado uma boa versão do prato. Costuma haver sopa de feijão deliciosa e uma boa jardineira de borrego que a chef Alda faz como ninguém.
Em termos de pratos de peixe, segunda-feira também é dia de bacalhau assado com batata a murro e lulas grelhadas, tudo de registo caseiro primoroso. Terça-feira é dia de arroz de cabidela e muita gente vem de longe para comer o prato, por isso mais vale reservar. Chocos grelhados e bacalhau com natas são excelentes alternativas.
O arroz de pato que se serve todas as quartas-feiras é absolutamente imperdível e vai querer levar para casa. Fico dividido entre esta maravilha e outra grande realização da chef Alda, jaquinzinhos fritos com arroz de tomate.
À quinta-feira, sai uma massada de peixe de fazer vir as lágrimas aos olhos e faz-se um caril de frango que nos faz repensar a vida. Gosto muito também da sopa de grão com espinafres. É deliciosa.
Sexta-feira é dia de grelhados à Baleia, o que quer dizer que é na grelha que acontece a maior parte das atividades culinárias. O conteúdo varia. Pode acontecer, por exemplo, haver codornizes grelhadas ou fritada de javali.
Sábado já puxa o descanso e os pratos disponíveis são de cozedura lenta. Caldeirada de peixe, borrego no forno e polvo à lagareiro são pratos frequentes. Informe-se de véspera, e meta-se a caminho se for um daqueles pratos que ama.
As sobremesas são variáveis, mas há três que não falham. Sericaia, com ou sem ameixa. Pudim Abade de Priscos. E tarte de caramelo salgado.