Principal 2013: vinho icónico assinala estreia da Fladgate

A Fladgate Still & Sparkling Wines, empresa criada pelo grupo The Fladgate Partnership na sequência da aquisição, há um ano, da Ideal Drinks, lançou o Principal Grande Reserva 2013, com uma nova imagem, mais contemporânea e simples.

Uma forma bem conseguida de assinalar a entrada do grupo ligado ao Vinho do Porto – detém as marcas Taylor’s, Fonseca e Croft entre outras – no mundo dos vinhos tranquilos, enriquecida com poemas de Camões, o principal poeta português nascido há 500 anos, ditos por António Capelo.

Uma harmonia perfeita com o tinto bairradino, que pretende afirmar-se como um super vinho português, à imagem do melhor que se faz em Bordéus ou na Toscânia. É um vinho clássico e com história, produzido num ano muito bom, em que as uvas amadureceram na perfeição,

Produzido com as castas Cabernet Sauvignon (45%); Touriga Nacional (35%) e Merlot (20%), plantadas em vinhas de sequeiro em solos argiloso-calcários. É um vinho que, apesar dos 12 anos, apresenta cor rubi muito límpida; é muito complexo e bem elaborado.

Nas notas de prova, sobressaem aromas de fruta silvestre e de alguma ameixa, a que se juntam pimento verde, com taninos bem integrados. Muito encorpado, é persistente na boca, revela uma acidez bem presente, mas equilibrada e grande potencial de guarda.

Foram produzidas 21 mil garrafas, com o custo de 110 euros, valor que se insere na intenção de baixar os preços anteriores, muito embora valorizando as colheitas de 2009, 2010, 2011 e 2012 que estão no mercado.

Aposta na internacionalização

A empresa vai apostar nos lançamentos de vinhos com menor tempo de estágio – seis a oito anos – de modo a acelerar as vendas, muito em especial no mercado de exportação.

A inversão da estratégia comercial em relação ao passado recente, explica-se pela clara aposta da nova empresa na exportação, uma vez que as vendas da Fladgate Partnership nos mercados de além-fronteiras situam-se na ordem dos 94%, em contraponto com os 97% de vendas, no âmbito nacional, da Ideal Drinks.

A internacionalização é, desse modo, a meta a alcançar pela nova empresa, que ao longo do último ano centrou o trabalho na reorganização das adegas das propriedades localizadas no Alto e Baixo Minho, Bairrada e Dão.

A alteração da câmara de frio; a receção das uvas e um investimento nos mercados externos, hoje uma realidade em vários países, da Grã-Bretanha à Coreia do Sul; Canadá, França, Dinamarca, Suécia, Finlândia, ao Luxemburgo e a Angola foram prioridades iniciais.

O objetivo declarado de não produzir muitos vinhos aponta para a concentração em referências de elevada qualidade, com o Principal 2013, ora lançado, a ilustrar de modo inequívoco tal aposta.

Nesta reformulação interna insere-se a decisão do engarrafamento dos espumantes Colinas passar a ser feito, em exclusivo, na Bairrada, onde a incerteza quanto ao traçado do futuro TGV está a condicionar, como é óbvio, investimentos em fase de estudo, em particular, relativos ao aumento da área de vinha em S. Lourenço do Bairro.

Vinha de sequeiro

A vinha, com uma área de, aproximadamente, 60 hectares e cuja configuração atual parece um tanto estranha, para aproveitar o máximo possível de parcelas em solo calcário, adquiridas a um preço oito vezes o preço de mercado, ficou concluída em 2001.

Este é um dos pontos-fortes, a que se junta a alta densidade de plantação, de 6175 pés de videira/hectare face aos tradicionais quatro mil pés/hectare da região bairradina, ou seja, um acréscimo de 50% face ao tradicional.

O resultado são uvas com mais película, estrutura e taninos e menos polpa, uma vez que s folhas crescem na vertical e não para o lado, melhorando a fotossíntese numa vinha sem irrigação. Plantada em sequeiro, foi regada à mão (!) nos primeiros quatro anos.

As uvas seguem da vinha para a adega, que funciona por gravidade, sem bombas para não prejudicar as massas, o que permite maior qualidade na produção de vinhos.