O setor vinícola não foi exceção à crise provocada pela Covid-19, mas a pandemia não travou a edição de 2021 do Simplesmente... Vinho.
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O 'Simplesmente... Vinho' é o único salão em Portugal que congrega vinhos, arte, petiscos e música. A 9.ª edição deste certame, com uma filosofia mais alternativa e descontraída, realiza-se de 2 a 4 de julho, apresentando várias novidades, entre elas o local onde decorre: os jardins da Casa Cor de Rosa da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP).
São 66 vignerons (produtores) nacionais e mais um convidado de além-fronteiras, oriundo da Gran Canária, a marcar presença neste salão, que "não é uma feira", como sublinha João Roseira, organizador do evento que surgiu como contraponto à globalização e industrialização do vinho.
Trata-se de uma mostra de vinhos que se afirma como alternativa às grandes feiras, cuja filosofia é dar a conhecer pequenos produtores e vinhos de algum modo classificados como fora da caixa.
Um salão deste tipo é classificado como "off" e gira em torno de uma ideia transversal, seja uma região ou um tipo de vinho ou um modo de produção (biológio, biodinâmico) e com um denominador comum: a ligação à terra, às castas locais e a uma enologia com raízes da tradição.
A presença dos vignerons nestes certames potencia o sentimento de partilha, algo só possível nestes certames pautados por uma certa informalidade.
O setor vinícola não foi exceção à crise provocada pela Covid-19, mas a pandemia não travou a edição de 2021 do 'Simplesmente... Vinho'.
"O mais normal seria não fazer", confessa João Roseira, que encontrou "uma palavra-chave para ganhar ânimo: resistência".
"Esta é uma atividade que não pode parar, pois o trabalho nas vinhas tem de ser feito ao longo de todo o ano. Com a realização deste salão, que nunca conheceu qualquer interregno desde 2013, pretendemos dar uma ajuda aos vignerons nacionais", justifica.
Desde o arranque, em 2013, com 13 produtores, o 'Simplesmente... Vinho' alcançou, cinco anos depois, um número considerado limite: 101.
"Fomos confrontados com o dilema de manter o salão com um estatuto caseiro, digamos, ou de torná-lo algo mais impessoal, com outra dimensão", recorda João Roseira.
"O 101 representou para nós um número mágico e desde então resolvemos não crescer mais. Este ano, segundo as recomendações da Direção-Geral de Saúde, reduzimos em 33% o número de produtores, temos 66, cumprindo desse modo as regas sanitárias em vigor", que incluem a obrigatoriedade do uso de máscaras e do controlo de temperatura à entrada.
O local é ao ar livre para provar vinhos e, na esplanada, saborear os petiscos dos restaurantes Forneria S. Pedro (Afurada) e Delicatum (Braga). O rio Douro é cenário magnífico, como não podia deixar de ser.
"Começámos na Ribeira, a provar o vinho feito com as uvas de uma ramada existente por detrás do Muro dos Bacalhoeiros. Foi um momento de grande simbolismo partilhado com as pessoas que tratavam das uvas e fizeram o vinho. Desde então, estivemos sempre a ver o Douro, tal como sucede este ano nos jardins da Casa Cor de Rosa, mandada construir, em 1903, por um britânico que foi diretor da Sandeman. Esta ligação ao vinho e ao Douro não deixa de ser curiosa", observa João Roseira.
Arquitetura é tema de exposição
Em paralelo, está patente no pavilhão Carlos Ramos, obra singular assinada por Álvaro Siza, a exposição "Paisagem e Arquitetura da Vinha e do Vinho", organizada pela FAUP e que permite uma viagem da ilha do Pico às encostas da Madeira, aos socalcos do Douro Vinhateiro e a outras regiões demarcadas.
A arte perdida dos Pantins chega aos jardins pela mão do ex-curador Karl Own, enquanto os momentos musicais - este ano, devido às limitações impostas pela pandemia, não haverá o tradicional concerto no final de cada dia - têm a assinatura de Transmontuna e de Os Mafarricos.
Brunch é novidade a fechar
Para fecho de programa, no domingo (dia 4 de julho), uma novidade: o brunch (entre as 12h e as 14h), com assinatura do chefe Luís Américo, que se junta à Forneria S. Pedro e ao Delicatum para elaborar um menu apelativo, baseado em produtos naturais e biológicos, muitos deles produzidos por alguns dos produtores de vinho presentes e que são, simultaneamente, agricultores. A reserva é necessária e tem o preço de 25€.
Dias 2 e 3 de julho, entre as 15h e as 20h; dia 4 de julho, entre as 12h e as 17h.
O ingresso tem o preço de 20€ e inclui copo, catálogo oficial e demais iniciativas associadas.