Uma das talhas mais antigas do Alentejo deu origem a um vinho especial: ‘Vila de Frades 1656’, o primeiro tinto de talha da Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito.
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O vinho de talha, inscrito no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, é produzido em várias regiões do Alentejo tal como os romanos faziam há dois mil anos.
A tradição de produzir vinho através de um processo de vinificação natural manteve-se até aos nossos dias, através de um percurso feito de memórias e saberes que passou de geração para geração.
"Temos uma ambição neste projeto, uma vez que o objetivo desta produção, pensada em particular para bons apreciadores de vinhos de talha e colecionadores de edições especiais e históricas, é, precisamente, honrar Vila de Frades, capital do vinho de talha", sublinha José Miguel Almeida, presidente da Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito.
Este tinto de talha, foi produzido com uvas de vinhas velhas das castas Aragonês, Trincadeira e Tonta Grossa com a mínima intervenção possível, respeitando ao máximo o ‘terroir’ da sub-região de Vidigueira.
Sob a batuta do enólogo Vasco Moura Fernandes, a vinificação processou-se em lote, com a colheita das três castas em simultâneo, de forma a encontrar "o ponto ótimo de maturação das uvas", seguida de um estágio, com contacto pelicular, por um período de cinco meses.
O vinho apresenta cor rubi, tem aroma intenso a frutos vermelhos e notas terrosas. Na boca, revela taninos firmes e um final longo e persistente. Com características únicas, "poderá ser um excelente vinho de guarda", adiantou aquele responsável.
O ‘Vila de Frades 1656’ está disponível numa caixa especial, onde é contada a história da talha do século XVII, graças a um bem conseguido exercício de design da equipa da Adega Cooperativa de Vidigueira Cuba e Alvito.
Foram produzidas 800 garrafas, disponíveis ao preço unitário de 33,90€, deste vinho cujo lançamento decorreu no âmbito da 1.ª edição do evento “Talha à Mesa”, que contou com chefes de renome, todos com ligação ao Alentejo. Durante dois dias, José Júlio Vintém, João Mourato e Pedro Mendes elaboraram almoços e jantares em harmonia com vinhos de talha e protagonizaram ‘showcookings’ nas vinhas e na adega. O programa incluiu ‘masterclasses’ de vinhos de talha entre outras atividades incluídas na temática.
O vinho de talha está hoje em foco, mas esteve quase a desaparecer. A tradição da fermentação feita, integralmente, numa talha de barro de acordo com o hábito local e o gosto pessoal foi revitalizada e é hoje a essência de dois espaços da referida adega cooperativa: a Casa das Talhas (Vidigueira) e a Taberna dos Arcos (Vila de Frades).
