Pequim, 02 jul 2019 (Lusa) - A China condenou hoje a "interferência flagrante" do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após as suas declarações sobre os protestos em Hong Kong que prosseguiram na segunda-feira com uma invasão da Assembleia do território.
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O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang instou Washington a "falar e agir com cautela" e "parar de intervir nos assuntos internos de Hong Kong".
Trump disse na segunda-feira que as centenas de manifestantes que invadiram e vandalizaram a Assembleia, durante três horas, estavam na "busca pela democracia".
"Acho que a maioria das pessoas quer a democracia. Infelizmente, alguns governos não querem a democracia", disse Trump aos repórteres da Casa Branca, depois de ter lamentado a situação "muito triste" em Hong Kong.
Em conferência de imprensa, o porta-voz chinês reagiu: "Lamentamos e opomo-nos fortemente à flagrante interferência dos Estados Unidos nos assuntos internos da China".
Centenas de manifestantes partiram vidros e destruíram gradeamento para entrar no edifício.
No hemiciclo da assembleia, onde os deputados se reúnem nas sessões plenárias, vandalizaram o escudo da região com 'grafitis' e penduraram uma bandeira colonial, referente ao período em que Hong Kong esteve sob soberania do Reino Unido.
Os protestos violentos representam um desafio para o Presidente chinês, Xi Jinping, que até à data deixou a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, lidar com a crise política sozinha.
Na madrugada de segunda para terça-feira, a polícia conseguiu dispersar os manifestantes.
Carrie Lam condenou na segunda-feira a invasão "extremamente violenta" e "chocante" da Assembleia e disse esperar que a ordem social seja restaurada o "mais rapidamente possível".
Hong Kong é desde há quase um mês palco de protestos, contra uma proposta de lei que permitiria extraditar criminosos para a China.
Carrie Lam decidiu suspender as discussões sobre a proposta, mas recusou retirar definitivamente, prolongando as manifestações.
A ocupação da assembleia ocorreu no 22º aniversário do retorno de Hong Kong à China.