Governo timorense tem de decidir se quer investir mais em navio contratado em Portugal
Díli, 01 jul 2019 (Lusa) -- O Governo timorense tem de tomar a "decisão difícil" de investir mais 12 ou 14 milhões de dólares para concluir a construção de um ferry em Portugal, envolvido num processo de insolvência, disse hoje um ministro responsável.
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"Esta não é uma situação nova. Mas temos que acelerar a decisão, porque se não corremos o risco de perder tudo", afirmou Agio Pereira, ministro de Estado na Presidência do Conselho de Ministros, numa intervenção no parlamento.
"É uma decisão difícil que temos que tomar. Se falta 30% para concluir a construção, isso significa 12 para 14 milhões, os políticos têm que decidir se vale a pena ou não fazer isso", considerou.
Agio Pereira falava numa sessão do parlamento convocada para debater algumas das polémicas que têm marcado recentes debates políticos, incluindo as contas da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), e um processo contra o Estado timorense a ser atualmente ouvido num tribunal australiano.
A compra do ferry negociado com um estaleiro em Portugal e que está há anos por concluir devido a problemas de insolvência da empresa foi igualmente debatido.
"Temos que ter mente fria a olhar para isto, não podemos politizar o processo", afirmou o ministro.
Em final de maio, responsáveis timorenses confirmaram que a conclusão da construção em Portugal do navio Haksolok, que já está com três anos de atraso e a construção de dois pontões para a sua operação, vão custar mais 12,5 milhões de euros.
Esse valor, explicaram responsáveis de Timor-Leste, soma-se a cerca de 16 milhões de dólares (14,3 milhões de euros) já pagos pelo projeto que continua sem data de conclusão prevista, afetado por problemas financeiros nas empresas envolvidas na construção, em Portugal.
Com capacidade para transportar 377 pessoas e 25 automóveis, para ligar Díli à ilha de Ataúro e ao enclave de Oé-Cusse Ambeno, em Timor-Leste, o processo de aquisição do navio começou em 2014 pelo Governo central timorense, passando depois para a Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA).
Numa visita a Portugal em maio, o ministro dos Transportes e Comunicação, José Agustinho da Silva, disse que para concluir o projeto são necessários mais 14 milhões de dólares (12,5 milhões de euros), referindo que esse valor se aplicava apenas ao navio.
O presidente da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), Mari Alkatiri, disse à Lusa que o valor de 14 milhões de dólares inclui não apenas o que falta no navio em si, mas também parte dos dois pontões (a um custo de três milhões cada) no enclave de Oecusse Ambeno e na ilha de Atáuro.
Segundo referiu, o gasto total de 16 milhões de dólares até ao momento inclui 70% do navio, já concluídos, 50% do pontão de Oecusse e a compra do aço para o pontão de Ataúro.
"A gestão da empresa (em Portugal) tem sido catastrófica e não foi capaz de corresponder às nossas expectativas. Mas também houve erros à partida", explicou Alkatiri.