São Paulo, 01 jul 2019 (Lusa) - A Polícia Federal do Brasil cumpriu hoje um mandado de prisão contra um procurador suspeito de receber mais de um milhão de reais (230 mil euros) em suborno do consórcio responsável por uma nova linha de metropolitano no Rio de Janeiro.
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Renan Saad, o procurador estadual detido, também foi alvo de um mandado de busca e apreensão domiciliária e no seu escritório, no centro do Rio de Janeiro.
A polícia brasileira divulgou, em comunicado, que o procurador terá "recebido quantia para confecionar parecer favorável à alteração das obras da linha 4 do Metrô [metropolitano], que beneficiaria organização criminosa vinculada a ex-governador do estado [Sérgio Cabral]".
Já o Ministério Público Federal (MPF) destacou, também em comunicado, que a prisão faz parte de investigações realizadas pela força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, com base em depoimentos de ex-funcionários da construtora Odebrecht.
"O procurador do Estado Renan Saad, segundo um executivo da Odebrecht, recebeu pagamentos da empreiteira pelo setor de operações estruturadas, tendo sido identificado no sistema Drousys (sistema especificamente destinado para a programação e execução das comunicações internas da Odebrecht relacionadas ao pagamento de suborno) pelo codinome Gordinho", explicou o MPF.
Acrescenta que a detenção do procurador foi autorizada, entre outros motivos, face à "necessidade de colheita de depoimentos de pessoas subordinadas a Renan, imprescindíveis para apuração de crime de pertencimento à organização criminosa e de branqueamento de capitais por intermédio do escritório de advocacia do investigado".
Um projeto para construção desta linha de metropolitano era discutido desde o final da década de 1990, mas tornou-se realidade apenas após a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
Investigações do Ministério Público Federal (MPF) brasileiro apontaram que durante a obra registou-se uma mudança no traçado das estações do metropolitano, que encareceram a construção em mais de 11 vezes.
Inaugurada em julho de 2016, a Linha 4 custou aos cofres públicos do estado do Rio de Janeiro cerca de 9,6 mil milhões de reais (2,2 mil milhões de euros).