Nova Iorque, 02 jul 2019 - A cantora e compositora portuguesa de jazz Sara Serpa é a vocalista feminina "em ascensão", escolhida pelos críticos da DownBeat, na lista anual publicada no número de agosto da revista norte-americana, hoje divulgada.
Corpo do artigo
Sara Serpa foi votada como "Vocalista Feminina Rising Star 2019", na 'Critics Poll' da revista musical norte-americana DownBeat, fundada em 1934 e, desde então, dedicada "ao jazz, aos blues e além deles" ("jazz, blues & beyond"). Sara Serpa é a primeira intérprete e compositora portuguesa de jazz a receber esta distinção.
Sara Serpa, cantora, compositora e improvisadora, a morar nos Estados Unidos há quase década e meia, nasceu em Lisboa, começou a tocar piano aos sete anos e, com 11, entrou na Escola de Música do Conservatório Nacional.
Já nos Estados Unidos, em Boston, depois de se ter licenciado em Reabilitação e Inserção Social, no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, frequentou o Berklee College of Music e o New England Conservatory of Music, onde concluiu o mestrado em Jazz de Performance.
Em 2008, quando se fixou em Nova Iorque, estreou-se a solo com o disco "Praia", ao qual juntou outros dez até agora, o último dos quais, "Close Up", lançado no ano passado.
Em maio, Sara Serpa iniciou um ano de residência artística na Park Avenue Armory, uma das mais importantes instituições culturais de Nova Iorque, para desenvolver o projeto interdisciplinar "Aquarius", que tem como ponto de partida a preocupação com a crise migratória no Mediterrâneo e a falta de conhecimento dessa realidade.
Em entrevista à agência Lusa, no início do projeto, Sara Serpa disse que tem como objetivo "criar um espaço", através da interdisciplinaridade da música, imagens e voz, "onde possa haver reflexão e reconhecimento de que todos nós temos um papel para criar sociedades mais hospitaleiras".
O projeto passa por centros de acolhimento de migrantes na Europa, que Sara Serpa irá visitar.
"Aquarius" insere-se numa série de projetos que a artista de jazz tem vindo a desenvolver sobre Europa e África, e a relação imperialista que diz prevalecer, para os quais se foi inspirando na história da família.
Em outubro, a cantora vai passar por diversos palcos portugueses -- como o Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e o festival Bragança Jazz -- para promover o disco "Close Up", gravado em trio com a saxofonista Ingrid Laubrock e o violoncelista Erik Friedlander.
Em 2010 gravou com o pianista Danilo Perez e mantém uma parceria de longa data com o guitarrista André Matos.
A revista JazzTimes descreveu Sara Serpa como "uma virtuosa nas paisagens vocais sem palavras" e o New York Times disse tratar-se de "uma cantora de pose elegante e visão cosmopolita".
A 67.ª edição da 'Critics Poll', além de Sara Serpa, inclui também a cantora Cécile McLorin Salvant, os saxofonistas Wayne Shorter e Joe Lovano, o pianista Sullivan Fortner, o trompetista Ambrose Akinmusire, o trombonista Steve Turre e a Orquestra de Maria Schneider Orchestra.
O "Hall of Fame" da DownBeat é liderado por Scott LaFaro e Nina Simone, com o álbum inédito de John Coltrane, revelado no ano passado - "Both Directions At Once: The Lost Album" - a dominar as atenções.