O presidente da Câmara de Alpiarça acredita que será possível manter a estação dos CTT aberta na vila, tendo encontrado, na reunião que realizou hoje com a administração da empresa, "abertura para negociar".
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Mário Pereira (PCP) compareceu hoje à tarde na concentração que reuniu uma centena de pessoas em frente à estação dos CTT de Alpiarça, num protesto contra o anunciado encerramento deste serviço, convocado pela Comissão de Utentes de Serviços Públicos (CUSP) daquela vila do distrito de Santarém.
"Há, da parte do Conselho de Administração dos CTT, abertura para apreciar com cuidado a situação específica da estação de correios de Alpiarça", disse Mário Pereira aos jornalistas, declarando-se confiante de que será possível "ir ao encontro" das expectativas e reivindicações de populações e autarcas, de "manter o funcionamento com as valências que tem a estação de correios".
Afirmando que os contactos com os responsáveis da empresa vão prosseguir, o autarca adiantou que, para já, o serviço se vai manter.
Para o presidente do município, a perda deste serviço na sede de um concelho com quase 8.000 habitantes "seria algo inadmissível", pois é "fundamental" para a população, sobretudo os mais idosos e os agentes económicos, além de ser uma "posição de princípio" a cobertura de todo o território nacional, ou seja, "todos os concelhos".
Mário Pereira afirmou que, apesar da privatização da empresa, esta mantém a lógica de prestação de um serviço público, pelo que não podem prevalecer os princípios de racionalidade económica, se bem que esta estação nem sequer dê prejuízo.
"Se tem havido algum decréscimo de serviço na estação é porque houve algum desvio de meios para outras estações vizinhas e para a loja que abriu" numa papelaria da vila, sublinhou.
À porta da estação, Justina disse à Lusa que é nesta estação que levanta há 21 anos a sua reforma, situação que Fernanda Garnel, da CUSP de Alpiarça, frisou ser comum à maioria da população idosa, com reformas pequenas e sem conta bancária.
Fernanda Granel afirmou que o serviço aberto na livraria, a poucos metros, vende selos, entrega encomendas, mas "no geral não cobre os mesmos serviços".
Sublinhando que as alternativas -- as estações de Santarém e de Almeirim - se encontram a sete quilómetros, Fernanda Granel garantiu que os utentes "não vão deixar" e vão "fazer tudo para impedir" o encerramento de uma estação que "todos os dias tem movimento" e "não deu prejuízo".
Além do apelo à concentração da população, foram distribuídos folhetos em cafés e porta a porta e iniciada a recolha de assinaturas para um abaixo-assinado que será enviado à administração dos CTT e, se reunir as assinaturas suficientes, à Assembleia da República.
Dina Serranho, da direção nacional do Sindicato dos Correios e Telecomunicações, salientou que a estação de Alpiarça tem apenas um trabalhador (podendo ser dois em alturas de maior afluência) e "não dá prejuízo".
Para a sindicalista, o anúncio do fecho de 22 lojas visa a "poupança ao máximo para encher os bolsos dos acionistas e levar à falência uma grande empresa" que, neste momento, "serve muito mal" as populações, fruto de uma "gestão danosa" que tem vindo a "retirar serviço público de qualidade".
Os CTT confirmaram em 02 de janeiro o fecho de 22 lojas no âmbito do plano de reestruturação, que, segundo a Comissão de Trabalhadores dos Correios de Portugal, vai afetar 53 postos de trabalho.
A empresa referiu que o encerramento de 22 lojas situadas de norte a sul do país e nas ilhas "não coloca em causa o serviço de proximidade às populações e aos clientes, uma vez que existem outros pontos de acesso nas zonas respetivas que dão total garantia na resposta às necessidades face à procura existente".
Em causa estão os seguintes balcões: Junqueira (Lisboa), Avenida (Loulé), Universidade (Aveiro), Termas de São Vicente (Penafiel), Socorro (Lisboa), Riba de Ave (Vila Nova de Famalicão), Paços de Brandão (Santa Maria da Feira), Lavradio (Barreiro), Galiza (Porto), Freamunde (Paços de Ferreira), Filipa de Lencastre (Sintra), Olaias (Lisboa), Camarate (Loures), Calheta (Ponta Delgada), Barrosinhas (Águeda), Asprela (Porto), Areosa (Gondomar), Araucária (Vila Real), Alpiarça, Alferrarede (Abrantes), Aldeia de Paio Pires (Seixal) e Arco da Calheta (Calheta, na Madeira).