Fiel à herança dos antepassados, este Wrangler está indicado a quem quiser andar por TODOS os terrenos.
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Antes de mais, convém explicar o título. A Jeep pede 36.000€ por um 4x4 com quatro portas e cinco lugares, um preço muito abaixo de todas as propostas semelhantes da concorrência, porque conseguiu homologar este Wrangler como Pick-Up. Por outras palavras, fintou o pesado imposto sobre veículos.
O Jeep Wrangler é um dos últimos moicanos. A carroçaria assenta em chassis de longarinas e travessas, e usa dois eixos rígidos com molas helicoidais e amortecedores. Não é a solução ideal para o asfalto, longe disso, mas dá garantias de não ficar parado ao primeiro obstáculo no fora de estrada. Aliás, vale a pena fazer um aviso – este não é um SUV da moda, destinado a fornecer visão mais panorâmica da estrada, e tranquilidade acrescida na escalada de passeios mais altos.
O Wrangler é um TT «dos pneus ao tejadilho», com todos os compromissos que isso implica. No asfalto, faz o que pode, com um comportamento pouco mais que aceitável, compensando depois com ângulos óptimos para todo-o-terreno, suspensão eficaz, e capacidade de tracção invejável para conseguir chegar onde poucos chegam. Em opção, este Jeep pode receber o chamado pack off-road, que junta ao sistema de tracção integral Command-Trac II, uma relação ainda mais curta nas redutoras, o bloqueio do diferencial traseiro, e barra estabilizadora activa no eixo dianteiro.
No interior, aplica-se o mesmo discurso dos compromissos. A Jeep garante que o habitáculo deste Wrangler pode ser lavado «à mangueirada», e isso reflecte-se na qualidade de quase todos os materiais (plásticos rígidos, montados de forma pouco rigorosa, e dados a ruídos parasitas), e no tecido dos estofos, demasiado rude. Quanto a equipamento, esta versão Sahara oferece o essencial, com algumas falhas sérias – os espelhos retrovisores exteriores são regulados à mão, não existem espelhos de cortesia nas palas, faltam pegas para os passageiros de trás, a bagageira não tem cobertura, e não há apoio para o pé esquerdo do condutor.
No topo da lista das vantagens, encontra-se o motor – 2.8l diesel produzido pela VM Motori –, um poço de força com 177 cv, e binário máximo de 410 Nm. A caixa automática de 5 relações (opção por 1000€) também ajuda, é muito suave e torna a condução mais fácil. Este Wrangler conta ainda, e pela primeira vez, com uma série de apoios electrónicos como o ESP com controlo de tracção, e sistema de prevenção ao capotamento, ou ABS com assistência à travagem de emergência. Regressando aos «contras», os consumos do 2.8l correspondem à força, com médias que dificilmente baixam dos 11/12 litros aos 100.
Resumindo, o Jeep Wrangler é ideal para amantes de todo-o-terreno em busca de um 4x4 prático, e sem pretensões. De preferência jovens aventureiros, que estejam dispostos a trocar alguns luxos por eficácia reforçada no fora de estrada. Por 36.000€ é difícil encontrar melhor.