Há um ano o tribunal constitucional do Uganda invalidou a lei que penalizava com prisão perpétua a prática de atos sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Um ano depois, os ugandeses enfrentaram o medo e saíram à rua para celebrar.
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Foi em 2009 que David Bahati apresentou a proposta de lei que penalizava com pena de morte as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo. A proposta de lei foi considerada um reflexo das leis "anti-sodomia" da era colonial britânica. Em dezembro de 2013 o parlamento do Uganda aprovou a lei com alterações, substituindo a pena de morte pela prisão perpétua e obrigando todos os ugandeses a denunciarem quem praticasse actos sexuais com pessoas do mesmo sexo.
A lei foi promulgada pelo presidente Yoweri Museveni em fevereiro de 2014, o que levou os Estados Unidos a cortarem a ajuda financeira ao Uganda. Em agosto de 2014 a lei foi declarada inconstitucional pelo Tribunal Constitucional do país, mas o governo já anunciou que irá recorrer da decisão.
De acordo com um relatório da associação "Sexual Minorities Uganda", a aprovação da lei encorajou uma cultura de homofobia extrema e violenta, tendo os ataques a pessoas acusadas de homossexualidade disparado até aos 1.900%. O medo da violência, prisão ou da perda de emprego leva a que muitos homossexuais escondam a sua orientação sexual.
Mas no sábado passado, dia 8 de agosto, um grupo de ugandeses enfrentou o medo, e o perigo, e celebrou o "Orgulho Gay" perto de Kampala, a capital do Uganda.
Uma fotogaleria de Ana António, fotografias Reuters.